Melancolia In-Continente

Fim de tarde bem passado, numa notável conferência de José Pedro Serra, subordinada ao tema das Narrativas Homéricas. Em Dia da Europa, o espectro da Crise presentíssimo, desde logo na introdução da Vereadora e no concomitante voto de, pela produção intelectual, se escapar ao triste império dela. Depois, mergulhámos na temática e, se o escapismo das viagens turísticas andava arredio da abordagem de textos fundadores das referências do Continente, a evasão inerente às alturas dos ideais por eles patenteados compensou-nos amplamente, fosse a da procura da Excelência como forma de o Homem recém-compenetrado da sua mortalidade tornear as dimensões enclausurantes da sua finitude emanada da «ILÍADA», fosse a sua assunção de individualidade e background assentes na memória do lar a que se regressa, na «ODISSEIA». Também um património histórico-mítico-cultural comum que servisse de fio condutor às edificações sociais futuras viu a sua ausência diagnosticada nesta época em que nada parece haver a que nos agarrarmos. Não se põe já a questão de a raptada exultar ou não com o seu estupro pelo touro olímpico que escondia um Deus, antes a constatamos como cúmplice arrivista da barbárie que a sequestra, numa Síndroma de Estocolmo que é, também, angustiante sinal dos tempos.

2 comentários:

  1. rudolfo moreira10/05/13, 15:50

    a Odisseia é um livro optimista porque com a ideia de se terem safado de serem transformados em porquinhos pela Circe deixa que não pensem nos grandes porcos que os homens são

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  2. Oinc oinc, digo, tentemos usar a esperteza que o Ulisses nos provou possível para nos assemelharmos um pouco menos ao conceito deformado de suínos!

    Abraço, Meu Caro Rudolfo

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