Que Se Vão da Morte Libertando...

Thatcher adiantara o fim pela dolorosa queda na Demência e eliminou-lhe a relevância pelo gigantismo histórico do legado. Não gosto do Liberalismo de muitas das suas concepções, apesar de o Dela haver sido mitigado pela extensão a uma imensidão de pequenos agentes, permitindo-lhes eximir-se aos monopólios e grades dos grandes grupos. Mas deve-se-Lhe muito mais: reabilitou, mesmo com recursos minguados, a efectividade da Nação, na defesa duns restos do Império no Atlântico Sul, no combate ao terrorismo e na vitória final contra a ameaça Comunista e Soviética, três preocupações comuns a Salazar. Também não se inclinou perante as eurocracias uniformizadoras, sublinhou a independência alicerçada na disciplina orçamental e quebrou a espinha aos dirigentes mineiros de Scargill, que tinham procurado raptar o Partido Trabalhista e dominar mafiosamente as instituições, pervertendo o que deve ser a nobre pugna sectorial do Sindicalismo e que foram remetidos, no final, para um grupúsculo sem influência. O Ocidente deve muito à Sua Memória. Mas mais o Reino Unido. O Acaso, como cantava Aznavour, é curioso: a passagem que empreendeu neste mundo terminou pouco depois de um referendo haver mostrado a razão que teve nas Falklands. E a própria consideração de um Funeral Nacional Completo, prontamente afastada pela Família para evitar embaraços políticos, atesta a grandesa inusitada - além de Monarcas Reinantes, só Nelson, Wellington e Churchill o mereceram. Diz-me com quem andas...

10 comentários:

  1. Meu Querido Amigo, como calcula recusei lá no meu pobre tasco fazer qualquer referência ao óbito, pela simples razão de que, apesar de tudo, não gosto nestas horas de dizer mal dos mortos...

    Beijinho

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  2. Repito-me aqui, ó IC. Sim: toda a razão quanto às Falkland, e digo não por razões "imperiais", é claro; firmeza estéril quanto ao IRA (o porcalhão do Blair aí foi muito mais eficaz) e duma repugnante falta de grandeza no caso Bobby Sands. Quanto aos mineiros, bem pode agradecer a solidariedade que lhe prestou o governo comunista polaco -- o tal internacionalista e da classe operária.
    Além disso, não se aponta, que é feio.

    Três braços.

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  3. Querida Ariel,
    compartilho da mesma postura, o passamento dos adversários não é altura de euforias para Espíritos bem formados. Pena que não atentem no Exemplo da Minha Querida Amiga os fanáticos religiosos (da minha Religião) de Bristol, ou a Mulher do derrotado senhor Scargill...

    Meu Caro RAA,
    estéril não o terá sido, se não fosse a firmeza dela contra a inenarrável chantagem que é uma greve da fome, agravada pelos seus fautores serem coniventes em crimes de sangue, jamais a versão anglo-saxónica do Pinóquio poderia ter conseguido o brilharete com a capitulação de facto do irredentismo Irlandês.
    Quando um sindicalista se ancora num partido, para mais financiado por internacionalismos ou governos de fora,
    deixa de ser uma estrutura da Comunidade para passar a elemento de traição.

    Beijinho e ab.

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  4. PS:
    apontar a dedo deveria ser um mandamento, no que toca à denúncia do que nos enfraquece, mas, de qualquer forma, só passa convenientemente por feio quando tem alguém por alvo, que não o caminho a escolher...

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  5. rudolfo moreira09/04/13, 17:32

    mas acabou numa rebelão do grupo parlamentar que a apoiava incompatível com um destino glorioso

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  6. Meu Caro Rudolfo,
    apesar de a legitimidade dos MPs Britânicos não ser pessoal, como nos EUA, mas da etiqueta partidária, a minoração dela pelas circunscrições unipessoais tem o tradicional efeito deos fazer pensar pela própria cabeça, ao menos em momentos mais sérios. É muito interessante ler as memórias da Falecida sobre o período, em que até o Futuro último Governador de Hong Kong, Patten, é tratado por «homem da Esquerda», apesar de referida a correcção do seu agir...

    Abraço

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  7. Cá vou, cá vou.

    Abração, Publicitário RAA

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  8. Concordo com quase tudo o que escreves. Faltou referir um legado muito negativo: a liquidação do tecido industrial britânico (e boa parte do pouco que resta está hoje nas mãos de estrangeiros). Já a referência ao buldogue era desnecessária: se fez frente ao invasor na épica Batalha de Inglaterra, demonstrou ser um facínora na forma como arrasou a Alemanha, em muitos casos sem objectivos bélicos concretos, como apoiou Estaline e como provavelmente ordenou a morte de Mussolini. Tudo coroado com a liquidação do Império Britânico e a auto-menorização face ao Uncle Sam. (E nem falo da forma como encarava os "povos inferiores", que faria corar de vergonha o racista mais empedernido dos nossos tempos.) Mau de mais para um "estadista".

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  9. Meu Caro Átrida,
    essa liquidação, embora real, correspondeu mais a uma reconversão, sacrificando o parque industrial mais pesado às tecnologias de ponta emergentes.
    Quanto a Churchill, era fundamental referi-lo, pois veio a ser um dos únicos membros não-coroados da trindade contemplada com o Funeral de Estado Completo, que também não contemplou Thatcher, aliás de acordo com a vontade expressa dela, e que muitos jornalistas portugueses confundiram com as exéquias cerimoniais que tiveram lugar. O Gosto por Churchill é irrelevante no que toque a inimigos ou a neutros, agora que foi importante para a defesa das Ilhas, ninguém o nega. Daí o carinhoso epíteto de "Velho Leão", cujo rugido levantou a resistência de um Povo algo desmoralizado a níveis insuspeitados. E, se queres que Te diga, a liquidação pura e simples dos líderes adversários que defendeu parece-me bem mais digna do que a encenação burlona e burlesca de uma justiça que só tinha a obsessão de pendurar os opositores como se fazia aos criminosos comuns.
    De resto, também são muitas as zonas de sombra de Nelson, por exemplo. Só Wellington era relativamente apolíneo.

    Abraço

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