As Despesas da Festa

O Primeiro-Ministro é renomado por, quanto ao caos financeiro do País, ter um problema de comunicação, pelo que não espanta que a específica de ontem evidenciasse essa enfermidade. Isto porque era acentuada pelo ressabiamento contra a decisão do Tribunal que não lhe deixara, via Doutor Gaspar, sugar a dinheirama onde lhe apetecia. Claro que se tem de dar todos os descontos ao mau perdedor, mas é evidente que estava avisadíssimo e, mesmo assim, decidiu correr o risco. O TC bem tinha avisado, no ano transacto, que a vilania sonegadora de direitos adquiridos era inconsstitucional, mas que, atendendo à especialidade da situação, excepcionalmente, deixava passar. Claro que duas excepções seguidas, em cómoda fila indiana, deixam de o ser, para passarem a ser um esboço de regra. Depois, foi o ar fúnebre da visitinha a Cavaco, presumivelmente para se queixarem de que, assim, não tinham condições para governar. Ignoro o que terão ouvido lá dentro, mas a declaração pública do Presidente quanto à legitimidade e necessária continuidade do governo é uma forma polida de dizer que, uma vez que se tinham metido nisto, tinham a obrigação de permanecer e encontrar alternativas. No resto, dizer que vão acatar o acordão dos Conselheiros não apresenta novidade alguma, pois não era uma questão de opção. Quanto ao que aí vem, claro que a redução de Despesa seria o caminho, desde sempre apontado pelas cabeças mais avisadas. Mas temo que as incidências dela não venham a ser muito criteriosas. Começa por referir-se à Saúde, precisamente o domínio em que até o Sr. Cameron, no Reino Unido, garantiu programaticamente ser a zona a não cortar. E na Segurança Social, depende, mas temo que os mais desprotegidos voltem a pagar a fava, quando há tanto desperdício obsceno e, até, bem-intencionado mas superfluo, como certos luxos do legado da Educação Guterrista...
                                                              O Amolador de Facas, de Goya

5 comentários:

  1. O que mais impressiona é a total e completa ausência de qualidades mínimas que o homem evidencia para a função. é que até para um discurso de "vingança" é preciso saber. Os portugueses, o povo, não entraram uma única vez na equação daquele homem.

    Beijinho Querido Paulo

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  2. Tempos interessantes, como diria o outro...

    Braço

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  3. rudolfo moreira08/04/13, 16:49

    a imprensa estrangeira anda de cara à banda com a decisão

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  4. quanto ao kaos quê?
    bolas o paulus von portus já parece o paulo c'aleijo

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  5. Querida Ariel,
    claro que ele pode sentir-se frustrado. Mas o que não percebo é o súbito contorcionismo jurídico de Masrcelo e Medina Carreira, a dizerem que o TC não percebe ou não quis perceber a Realidade e não se mostrou maleável às imperatividades dela. O Tribunal não o fez,nem tinha de fazer, a sua função não é analisar conjunturas económicas, por agrestes que sejam. Está lá para guardar a virgindade da sacrossanta Constituição, que o Regime vendeu como mãe das felicidades e alegrias na Terra. Se querem que os Conselheiros alinhem no serrvilismo, constitucionalizem os acordos com a troika. E, para evitar dúvidas, de preferência, com um acto adicional que revogue, também na letra, a sombra da Soberania já alienada na prática.

    Como o Mota Amaral com um número suspeito, não Meu Caro RAA? O problema é que daqui não vejo a possibilidade de brotarem excitações compensadoras, mesmo que fugazes...

    Meu Caro Rudolfo,
    claro, não continuámos a ser os lulus tão obedientes como eles queriam e conformados com os açoites dos donos... E o receio que manifestam de o exemplo se estender a Espanha, deixa-me deliciado com a hipótese de voltarmos a ser uma espécie de Bandeirantes da Dignidade.

    Beijinho e abraços

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