Vamos, Filhos da Pátria!

Isto de exacerbar as paixões nacionais no âmbito desportivo não parece, claro está, a melhor política. Mas as declarações de Platini, a propósito da recusa canora de Benzema em entoar o hino francês não encontraram os melhores argumentos, aparentam ser uma reedição da tontice do Falecido Alçada Baptista, um Escritor que respeito, quando, nas vestes comissariais do 10 de Junho, queria banir os canhões e a marcha contra eles, bem como os apelos às armas do nosso cântico equivalente. Não, poder-se-ia, melhor, recusar a Marselhesa nos estádios porque os seus versos encerram um chorrilho de insultos contra os Reis e os que não simpatizavam com os ideais de 1789 e o insulto se quer banido dos palcos desportivos, como atesta a dureza contras invectivas raciais das claques. A Frente Nacional, por seu turno, deveria estar caladinha, já que a composição foi obra de maçons notórios, embora não tão extremistas quanto outros, o que levou o Barão Dietrich, autor da encomenda, à guilhotina e o compositor, o Capitão Rouget de Lisle ao arrependimento levado ao ponto de escrever uma canção de sinal contrário, «VIVE LE ROI!». Mas o mais avisado seria deixar as paixões fora disto, a menos que se encare o acto de cantar aqueles maus versos como um mero encorajamento, à laia de Sarah Bernhardt, que os declamou, imediatamente antes de lhe amputarem a perna. E, aí, não passará de um doping tolerado...
                                  A partir do monumento de Bartholdi em honra de Rouget

2 comentários:

  1. Familiares meus em paris, franceses, dizem-me que os flhos de emigrantes são mais nacionalistas que a L'Action Française. O Benzema poderá não saber o hino, poderá estar-se nas tintas, poderá estar amuado por receber pouco, o que eu acho que ele não está é contra a letra, tão ressabiadinha e terrorista que ela é.

    abraço

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  2. Ehehehe, Meu Caro João, é possível que o rapazinho, pura e simplesmente, não a conheça. Por isso incidi, sobretudo, sobre a recuperação do abstencionismo do atleta pelo Presidente da UEFA para posicionamentos mais complexos. Quando jogador, o grande Michel distinguia-se pela visão de jogo. Hoje, talvez por ver demais.

    Abraço

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