Oh, a Felicidade!

Que dia! Para homenagear a Mulher, Realidade Intemporal de que emana o Eterno celebrizado por Goethe, escolheu-se uma data renegadora que melhor evocaria a luta contra a barbárie ultra-capitalista oitocentista, cujo legado se transformou num modelo onde a Metade Feminina da Humanidade chegou em força aos postos mais cobiçados do sistema que hoje continua aquele horror. À custa dos sacrifícios de tudo o resto, o pessoal e o familiar, postos em segundo plano, em face da sacrossanta carreira, a qual enche uma biografia e esvazia uma personalidade. É mais uma das ilusões do Progresso, escravatura para que não há alforria e pena de solidão essencial como contrapartida da Libertação ficcionada, entronizada e impingida por um acrescento supérfluo e artificioso à guerra dos sexos. A todas as Leitoras, neste 8 de Março da intenção, que não da falta de jeito que o concretiza, um beijinho de reconforto.
                                                            Pen, de Rivka Cyprys

4 comentários:

  1. É verdade, Caro Paulo. Nem se repara que sob tanta avidez de "sucesso", há imenso insucesso e fracasso no que toca à vida pessoal e familiar. Ou se calhar até se repara mas não convém dizer em voz alta.

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  2. Querido Paulo, como calcula, sou ferozmente contra a narrativa que lamenta que as pobres mulheres se tenham deixado inebriar pelo sucesso sem que isso no fundo as torne felizes. Ao contrário, as mulheres como qualquer ser humano têm é de ter o direito a ficar em casa a coser meias, ou a ser administradora de empresa, consoante as suas opções e competências. De resto pessoalmente até embirro com o dia, lá na empresa a Administração que não tem nenhuma mulher, ofereceu rosas brancas a cada uma de nós. Ficou-lhes barata a festa, somos só 15% do total da força de trabalho...Mas penso que o dia deve ser utilizado para lembrar aquelas que nem o direito à educação têm assegurado.

    Beijinho

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  3. tamém tu brutus?

    quando o filho de deus vai a embalsamar

    e o seu vigário vai a férias

    metes a mão na costeleta propriedade privada dum tal Rei Adão I de cu gnomo o nu?

    womanizer...britney né...ache quéqué ó queque no bolo-rey

    ou diz-se queque no bolo d'el rey?

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  4. Meu Caro João Pedro,
    com efeito, há uma perversão tremenda nas novas injunções do êxito pré-programado, as quais impõem uma profusão de deveres concorrentes com o reduto da verdadeira Realização. Quando chega ao paroxismo de implicsr a alternativa entre os louros profissionais e a vivência pessoal na Família e na afirmação independente de ganhos materiais, estamos conversados...

    Quierida Ariel,
    lá o direito ninguém pensa em tirar-Lhes. Quanto à conveniência da situação para as Próprias é que outro galo canta. A minha preocupação em nada é movida contra as Mulheres, mas contra os exageros do Trabalho, os quais reputo responsáveis por muitas catástrofe. Aliás, já uma Observadora insuspeita como Filomena Mónica apontou o mesmíssimo dilema.
    Quanto ao aproveitamento do ensejo para dar às/aos que não têm, 100% de acordo. Acerca das rosas brancas, 100% em desacordo. Foi atitude simpática e homenagem merecida, pelo que conheço de Uma das Contempladas.

    Beijinho e abraço

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