O Regresso do Rei?

Não, não estou a coroar a fera que, televisivamente, voltou a rugir, apesar das petições desanimadoras. Quero simplesmente dizer que o que ele defendeu quanto ao Chefe do Estado, com o rol de queixinhas que se noticia, é que o mesmo deveria ser um Monarca. O jogo e, mais grave, o jugo das facções, levaram à recorrente recriminação dos Presidentes pelos Primeiros-Ministros que nos respectivos mandatos serviram. Sá Carneiro, Balsemão e Soares disseram de Eanes o que Maomé não disse do toucinho, Cavaco cobras e lagartos de Soares, enquanto que o caso de Santana Lopes com Sampaio, de tão flagrante, não permite reacções entre a pena e o gozo. Salvaram-se Guterres e Durão, pela simpatia oca, um, pela servilidade pueril, o outro. O que vem sendo próprio dos eleitos de uma maioria é ir obrando contra os de outra; e o País que aguente. Só alguém não-eleito, como nas Monarquias Norte-Europeias, poderia escapar à tentação do partidarismo, mas mesmo esse remédio, em Portugal, é duvidoso, com as orquestrações de campanhas do mais soez que se imagina a inventarem quebras de imparcialidade do Trono, como as do Partido Republicano Português contra D. Carlos. Então porquê esta catadupa de lamentos do Sr. Sócrates? Marcelo está obcecado com a próxima eleição presidencial e os adversários que lhe possam calhar, do Comissário-Mor Barroso, a este Animal Feroz. Mas é capaz de ter razão, o homem torna-se assim suspeito de estar interessado em Belém, dizer mal do exercício do precedente ocupante do cargo é quase um passo clássico no caminho. O que levaria a concluir que não querer voltar para já à política activa, mais do que não poder, é não lhe convir. O espectro da Coroa, todavia, mais tarde ou mais cedo, incendiará a República.
                                                         Coroa, de Aron Wisenfeld

7 comentários:

  1. Que venha a Coroa Querido Paulo, mas pelo amor da Santa, não me chame "simpático oco" ao Guterres. de oco o homem nada tem. De resto só a menoridade rasteira, rancorosa e mesquinha do actual inquilino de Belém me faria dar vivas ao Rei!

    Beijinho

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  2. Querida Ariel,
    esse vácuo respeita à correspondência na governação. Todos viram que conduzir o País estava muito acima das possibilidades do agradável Engenheiro António, desde o sucesso da "Picareta Falante" com que VPV o alcunhou, à fuga com que o próprio o reconheceu.
    Quanto à Monarquia, sob a forma condicionada pelos rótulos partidários, é um ideal que seria desmentido pela mediocridade dos que querem eternas escapatórias externas para a sua incompetência. A invocação da utopia correlata, porém, não é de agora. Ramalho Eanes chegou a dizer que a independência com que, na sua óptica, procurara agir tinha por modelo a de um Monarca. Até que caiu em fazer o PRD, uma espécie de precursor do Italiano Monti...

    Beijinho

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  3. caro Paulo

    É uma pena gastar o seu talento na apreciação de tal personagem. É de tal forma o que eu penso que adoptando o seu texto eu apenas, peço desculpas mas, recuperaria o título do seu anterior post e modificava a palavra final por outra que qualificasse, na forma popular de apelidar, o que parece ser o dito sujeito...

    abraço

    abraço

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  4. Bem visto, Paulo. Esse dizer mal do actual residente de Belém pode muito bem ser gato escondido com o rabo de fora.

    Beijinho.

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  5. Caríssimo João,
    esssa do talento é mais uma prova da Sua Bondade. Mas somos uns escravos do Actual, em termos de avaliação, já que nos vamos salvando das adesões comprometedoras.
    Quanto ao resto, já sabe que o primeiro verso da Marselhesa nos traz ao espírito adjectivações em que, infelizmente, demasiadas figuras públicas se esforçam por caber. No caso vertente, a seriedade da situação do País leva ao extremo as responsabilizações e defesas dos indivíduos, quando o que deve ter prioridade é a tomada de consciencia da acção negativa que, como Norte deles, o sistema desenvolve.

    Querida Cristina,
    o gato Candidatura com a cauda da censura. Até rima!

    Abraço e beijinho

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  6. Quem sabe, ó IC, quem sabe? Mas olha que a resposta que eu lá te dou não deixa margem para dúvidas...
    Abraço

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  7. Lá fui deliciar-me, como sempre, Magistral RAA. Uma contestação robusta, mas saborosa, é o que Te digo.

    Ab.

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