Cantiga da Rua

É bom ver correspondido o apelo que fiz, dois posts abaixo, mas a refutação da Apatia nos nossos Compatriotas, para ser fecunda, não pode esgotar-se na contestação de desfiles, ou equivalerá a um Carnaval suplementar; nem cair no plebeísmo ético de emporcalhar com tintas a via, numa pateta e patética prova tentada de não serem os autores da proeza de meias delas... Para ser fecunda, a resistência à governação ignóbil deveria suprimir os partidos, que, manhosamente, se apagaram nas iniciativas de ontem, para atraírem ao caudal indignado muitos a quem as suas presenças repugnam. Urge tornar consequente essa retracção, transformando-a em permanente e retirando-a à vontade dos próprios, ou as reedições da eterna espiral das promessas e dispêndios orgiásticos visando chegar ao Poder e mantê-lo, sucedida pelos cortes quando as votações ainda venham longe, perpetuarão o engano de todos os que puseram a sua confiança no voto e, vendo os monstros que assim criaram, acabaram no arrependimento, mas sem a assunção de culpas do remorso. Quer dizer, sem identificarem as causas da presente Causa, o que tornará a libertação de humores das manifestações uma representação teatral de baixo palco.
                                              O Protesto dos Comediantes, de Corrado Simeoni

5 comentários:

  1. Querido Paulo, a questão é pertinente, mas a verdade é que não havia nenhuma razão para os partidos se fazerem representar numa manifestação organizada exactamente com o objectivo de os fazer reflectir sobre o papel que têm representado na presente crise. Em todo o caso não vejo como poderá constitui-se um governo sem legitimação popular. O caso de Itália e a inexpressiva votação em Monti aí está para o provar. E não vejo as pessoas a aceitar ficarem de fora dessa escolha.

    Beijinho

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  2. IC, preferiria a reforma do sistema, embora não tenha ilusões quanto à sua reformabilidade (!) de motu proprio.
    Quanto ao resto, estou como diz Ariel.

    Ab.

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  3. -> Anda por aí muita conversa que... visa perpetuar/eternizar a parolização de contribuinte... isto é, ou seja, lançar uma cortina de fumo para que o contribuinte não veja o óbvio: os contribuintes não podem passar um 'cheque em branco' aos políticos!!!... Leia-se: votar em políticos... sim mas... votar não é passar um 'cheque em branco'!
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    -> Não sejam cúmplices da música para otários: «vira o disco e toca o mesmo».
    -> De facto, mesmo realizando eleições em todos os "semestres"... seria o «vira o disco e toca o mesmo»: os lobbys manteriam a sua influência... e quando passassem a «ex-», os governantes, teriam belos 'tachos' à sua espera.
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    -> Os políticos não deverão ter o número de mandatos limitado... mas, em contrapartida, esses mandatos deverão estar sujeitos a uma muito maior vigilância/controlo por parte dos cidadãos. [nota: e os políticos deverão ter uma idade de reforma igual à do regime geral!]
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    -> Pelo 'Direito ao Veto de quem paga': blog «fim-da-cidadania-infantil».

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  4. Querida Ariel,
    claro que nada tinham que meter o bedelho nestas marchas, até porque muito do sentimento difuso, salvo nos militantes sempre parciais, era justamente de revolta contra a acção deles. Eu continuo a dizer que o melhor seria a escolha da governação ser feita a partir de uma Legitimidade não-eleita, logo imune à Demagogia. Mas se insistem no sacrossanto voto, que o façam em Pessoas individualmente consideradas, não em listas de cumplicidades.
    Monti correu mal, como já aqui disse, por ter renegado o seu estatuto de superioridade e ter-se deixado apanhar pela tentação de liderar partidos, lembra-Se?

    Meu Caro RAA,
    mas estamos de acordo, eu não prego coisa outra que mandar este sistema, definitivamente, para a Reforma. E olha que não seria antecipada, antes atrasadíssima.

    MENVP,
    o problema está em os políticos justamente aplicarem toda a lixívia que têm e mais alguma, para branquearem o tal cheque. E nem se pode queixar quem se mostre cúmplice com a ilusão contrária. Quem os pôs lá tem a responsabilidade calculável precisamente na proporção da sua quota aritmética.

    Beijinhos e abraços

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  5. Pois, parece que isto só lá vai só com uma revolução a sério...

    Ab
    Tiago

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