Amêndoas Amargas

O Arcebisbo Primaz disse tudo. Que esta classe política não presta, toda a gente a quem ela não passa cartão e que lho não retribui o vê. Que a Banca, em vez de instância de auxílio, se transformou num factor de desespero, cada dia se torna mais nítido. Estamos próximos de um panorama de revolta contra a escassez imposta de cima, a avidez bancária e a insegurança decorrente da conjugação de ambas, um quadro similar ao que, no Século XV,  levou ao alastramento do sentimento contra a Usura, que se viria a exprimir em escapes tão perturbadores como o aumento exponencial da relevância do anti-semitismo, ou em iniciativas de caridade tão imaginativas e altruístas como o Monti da Pietá, a instituição de crédito por nós conhecida por Montepio, criada em função dos esforços de São Marcos de Montagallo, para dotar a Comunidade de um prestador de crédito que tivesse primeiramente em vista as necessidades do que precisava do dinheiro, em vez dos interesses do credor. Mas a sede do ouro domina o mundo em que ele rareia, nesta Páscoa em que os ovos não são, decididamente, sequer, os preciosos sobrevivos das galinhas que mataram, fossem o entesouramento do Estado Novo, ou os cheques europeus. São-no sim os podres que as açoitadas audiências em fúria querem atirar aos Coelhos que nos saíram na rifa que usa o nome pomposo de "boletim de voto". Peço a Deus que os dois populares símbolos pascais voltem a ser da renovação, a começar pela dos sistemas de poder político e económico que, nas actuais circunstâncias, tanto dificultam a que verdadeiramente conta, aquela que nos torne melhores, rumo à Harmonia.

3 comentários:

  1. Esperemos que sim, amigo Paulo. Mas desconfio que os políticos estão dentro de uma bolha, não oval, que saltita sobre a porcaria que criaram. Santas Páscoas para si e os seus - Bjs Helena

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  2. Meu Caro Paulo,
    Como disse-Te alguma vez, estou convencido de que o flagelo demo-usureiro só acaba com o Juízo Final... Mas como ensinou o Mestre Maurras, para fazer este regime perverso ir abaixo valem todos os meios, mesmo os legais. Abraço amigo e uma Santa Páscoa do Senhor!
    Marcos Pinho de Escobar

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  3. Querida Helena,
    Não há bolha que não rebente e do sabão consequentemente derramado pode resultar a higiene de que a nossa vida pública carece.

    Caríssimo Marcos,
    a coisa foi ao ponto de Certo Amigo Meu, Economista de Mérito, ter decidido mudar de campo profissional, desgostado com a perversão do mundo da Economia. Mas, aqui, a velha máxima de que o fim justifica os meios deve reportar ao final, não simplesmente ao objectivo.

    Beijinho e abraço, com voto especial de Santíssima Páscoa a Ambos e Vossos.

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