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Como a maior parte de nós dista bastante de Madre Teresa de Calcutá e de outras Santificadas Almas que foram consequentes com a empatia que o horror do sofrimento deveria despertar, a fome, porque pensada como sobrevivendo apenas noutros continentes que não o nosso, era pretexto para incómodo e pena, mas não perdurava como preocupação prioritária. Neste momento, chega ao País que é emblema e marca fundadora da nossa Civilização e seria caso para perguntar se a terciarização da Sociedade terá valido a pena. Claro que o esbanjamento e a promoção do consumo irresponsável foram os detonadores da catástrofe, mas já dizia o Povo que quem se encostasse ao torrão não levaria grande trambolhão. Um dos principais objectivos da Integração Europeia era elevar os rendimentos dos Agricultores, mas depressa foi adulterado pela hegemonia das produções capazes de alimentar as redes distribuidoras e grandes superfícies de venda. Acresce que, pelo menos desde o meu tempo escolar, se falava do Êxodo Rural como um factor predominantemente positivo, pese a explosão de bairros degradados em algumas periferias, o que se admitia no tocante aos Trabalhadores Rurais de base, mas se torna um tanto mórbido com a reconversão de muitos pequenos agricultores independentes. A imagem que acompanha o artigo linkado não deverá ser vista em Portugal, no Futuro próximo, pelo singelo motivo de, cá, laranjas terem conotações com realidades cada vez menos apetecidas. Mas valerá a pena tanto trabalho técnico para aumentar a podução e afastar o fantasma da décalage para crescimentos geométricos da População, quando a conveniência de outros mercados substitui aptidões agrícolas por frustrações no barómetro da capacidade de compra guindada a critério de prestígio e felicidade?
                                                   Mercado, de Henry Charles Bryant

2 comentários:

  1. Nem sei o que lhe diga, Querido Paulo, as imagens são tão brutais quanto eloquentes.Como foi possível chegarmos a isto?

    Beijinho

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  2. Querida Ariel,
    quando penso no Filósofo Antigo que, naquela mesma região, se passeava pelo mercado, para se distrair com os muitos bens de que não precisava e o confronto com os de hoje, que nem podem chegar aos mais elementares, percebo e secundo todo o libelo contra o consumismo que, em mais do que um sentido, não merece qualquer crédito.

    Beijinho

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