Porquinhos e Lobo Mau

Se não a decência, ao menos a compaixão, obrigam a desagravar o Porco. Faz parte da minha cadeia alimentar, não tenho a consciência limpa, mas posso insurgir-me contra os maus tratos adicionais que sofre. Desde o desprezo e nojo Semitas que levam à total rejeição e à coincidência com o pior dos insultos, ao tão democraticamente idolatrado Orwell, é o pobre suíno usado e abusado para os sublinhados do desrespeito, Nem na Mensagem Evangélica se livrou de ser o asilo dos demónios exorcizados admitido pelo Salvador, com o afogamento sacrificial da ordem; nem S. Francisco, com a reconfortante sintonia com a obra extra-humana do Criador o tomou explicitamente como irmão, preferindo-lhe o lobo, dado como figadal inimigo na historinha célebre. Agora, sobre o porco do Miguel Sousa Tavares, impõe-se um desagravo. Quer o opinion maker vedar-lhe até a relevância como notícia, o que implicaria o direito livre e gratuito de qualquer guarda republicano a chutar o pobre bicho. Daqui, donde Poucos me ouvem, lavro o meu protesto: não me parece dignificar o uniforme de uma força da ordem a descarga indisciplinada de mau humor num inocente, mesmo que passe por irracional. E a vara que era transportada para o matadouro, donde seguiria para as nossas mesas sem ser ouvida ou achada, não era a responsável pelo acidente que espalhou na estrada os bácoros, a obrigação de os transportar com segurança e evitar acidentes cabia às alimárias humanas. Mas eis que entendo o que quer dizer MST: com efeito, nos dias que vivemos, não se percebe que a injustiça ainda seja notícia!

8 comentários:

  1. Meu Caro Paulo,

    Estes pequenos excertos do artigo de opinião do MST bastam-me para também eu me convencer de que o entendi, mas olhe que não coincido nada com a Sua sentença. Estou em crer que mesmo que "o porco do Miguel Sousa Tavares" circulasse na A1 de bicicleta a tocar compulsivamente a campainha e o agente da autoridade se tivesse limitado a autuá-lo por condução de veículo não autorizado em auto-estradas, ainda assim o opinion maker teria argumentado que quando estudou jornalismo o teriam ensinado que notícia era se um porco autuasse um GNR. Pelo teor do citado, cheira-me é que a garrafa de whisky já estava meio vazia...;)

    Um abraço

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  2. caro Paulo

    Por um lado eu entendo o que diz o MST, por outro não, quero. Todavia, esta febre dos "láiques" ao pacote a favor de Zicos e porcos deixa-me a pensar. Estão precocupados com o pontapé no porco mas e preocupados com a forma de transporte dos porcos? A sua alimentação, acondicionamento, limpeza, vacinação, horas diárias de internet, etc?? Já não levanta bruás?

    abraço

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  3. Para ser franca estou um bocadinho farta desta "festança" de cães e porcos quando há gente a passar fome. Mas o Meu Querido Amigo tem razão, não é forma nem maneira de um GNR tratar o animal, mas isso é o prolongamento do tipo de tratamento que a corporação reserva a muitos humanos....

    Beijinho Paulo

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  4. Meu Caro Pedro,
    brilhante, como sempre! A sede mediática tem dessas coisas, claro está. E, quanto à pomada, eu que sempre ouvi dizer que o abuso dela fazia ver a mais, constato agora que limita o número de coisas que se vê - a Gloriosa Deputada quanto às razões para se demitir, o Comentador em foco acerca dos motivos de dignidade da notícia...

    Meu Caro João,
    eu acho que as Pessoas têm o direito de se canalizar para as prioridades que as toquem mais, só peço que não se orientem para causas ou posições injustas. Claro que faz parte da nossa dignidade a forma como tratamos, guardamos ou movemos os animais, mesmo que seja para abate. Só que, neste caso, para lá da dor escusada do bicharoco, da indisciplina e grosseria do militar, fiquei preocupadíssimo com o susto deste auto-alcandorado a Ditador dos Critérios!

    Querida Ariel,

    a nossa casa comum, a este respeito, encontra-se na frase com que concluí, a negrito que, claro está, referia o que vai afligindo os humanos. Para além disso, gostaria de ver aqui, como em tantos outros domínios, a consciência de estatutos superiores traduzir-se em mais cuidado com a própria acção, quer dizer, sentir acrescida a responsabilidade, em vez dos direitos. E, last but not the least, se um dos meus Soldados, na passagem que empreendi pelo Exército Português, tivesse tido um comportamento destes nunca se esqueceria daqueles meses, por mim garantidos mais negros do que verdes. Nada disso aconteceu, sob o ponto de vista da relação com o mundo irracional animado, salvo alguns burros - mas bípedes - nunca vi tratar mal a bicharada.


    Beijinho e abraços

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  5. Pobres bácoros, qualquer dia dou em vegetariano.

    Ab.

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  6. Quantas vezes tenho pensado nisso, M&A!

    Ab.

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  7. rudolfo moreira05/02/13, 15:23

    com todo o propósito o comentário do Sousa Tavares saiu um grande chouriço

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  8. Assim tão saboroso, Amigo Rudolfo?

    Ab.

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