...Para Não Seres Julgado

Claro que é difícil um grupo organizado sem juízes ou professores, mas é certamente concebível um bem mehor, livre das agências de rating. Nem discutirei a acusação de não serem servidas pelo melhor dos Economistas, resevado a Universidades, Bancos Centrais e outras instituições mais respeitadas, porque decerto apareceriam protestos baseados em curricula impressionantes, reais ou imaginários, tentando ganhar pontitos nessa discussão que, mais do que ociosa, se revela odiosa. O que me interessa deixar aqui é outra nota sobre as agências de notação, a da sua previsível queda, a partir do momento em que degradam as classificações que se atribuem umas às outras. Enquanto apenas as punha em questão uma ameaça judicial, mesmo que do único Governo com poder para combatê-las, o dos EUA, poderiam defender-se com o argumento de que as administrações fervem quando as avaliações lhes não são favoráveis, apesar de estar em causa um completo falhanço da sua missão de alerta como factor importante do início de uma crise cujas sequelas ainda vivemos. Aqui é o feitiço que se vira contra o feiticeiro, com a Moodys a rebaixar a concorrente, Standard & Poors. Desde o momento em que os Estados lhes deram confiança, contratando este tipo de organismos para à apreciação deles se submeterem, a viragem de umas contra as outras expressa nos desnecessariamente prestigiados exames que realizam era a melhor esperança de repor a verdade adulterada por esta negociata improdutiva e parasitária. Não deixa, contudo, de ser coincidentemente significativo que aquela que primeiro se tramou, ao sabor de humores alheios, foi a que pela nomenclatura se assume como "Padrão" e, simultaneamente, a que integra os "Pobres"...
                                                          Julgando, de Mark Tansey

3 comentários:

  1. Meu Caro Paulo,

    Deste canibalismo que se iniciou entre as empresas de rating e que levará a que aquela que no final sobrar, gorda!, seja absorvida pela sua Mãe Criadora, a Omnipotente Banca, tiro duas conclusões: 1) finalmente foi atingido o limite da nossa santa credulidade - que um banqueiro consiga 10 ovos de ouro por cada grão de milho que dá à sua galinha, vá que não vá, agora onze?... Alto e pára o baile!; 2) Nesta decadente sociedade ocidental, fora dos círculos familiares e de confiança dos banqueiros e dos governantes que os protegem já pouco ou nada de valor metálico, livre de ónus, restará.
    Mas como essa gente nunca se sacia, seguir-se-à uma guerra fratricida entre bancos - será coincidência que, já de novo Ratzinger senão na forma pelo menos na substância, o Papa tenha ainda nomeado um seu conterrâneo fazedor de navios de guerra para presidir ao "Banco do Vaticano"? - restando-nos a Esperança de que das cinzas da peleia nasça a Fénix.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  2. Querido Paulo, ainda tem dúvidas da "profecia" do velho Marx quanto ao capitalismo? só que ele coitado, não tem culpa dos disparates que se fizeram em seu nome....

    Beijinho

    ResponderEliminar
  3. Meu Caro Pedro,
    não tenho a menor dúvida de que a avidez da ganhuça não só se expressará em tirar-nos a pele, como nas convulsões dos usurários emulados, sendo que no caso das agências de rating, a riqueza efectiva subjacente é ainda mais metafísico-gasosa do que a estreita percentagem de depósitos reais que permitem a ilusória multiplicação de moedas escriturais, equilibrismos accionistas e outras artimanhas voláteis.
    Quanto ao nomeado, nada sei sobre ele, mas vou informar-me. Agora, se, como me diz, é Homem ligado à Batalha Naval, temo que nos aproximemos terrivelmente do instante em que tenhamos de declarar o nosso "porta-aviões ao fundo". Aquele que é uma base móvel para os voos das nossas ilusões.

    Querida Ariel,
    eu prezo alguns dos escritos do Karl, embora as análises económicas que fez, consubstanciadas quase exclusivamente na aspiração à felicidade peola diluição da escassez, não tenham tido em conta o bicho complexo que o Homem insiste em ser, dimensão só mais compreendida com a posterior e alheia correcção das Utilidades Marginais. Do campo das minhas vizinhanças igualmente foram feitas críticas severas e, julgo, ainda mais certeiras ao Capitalismo, só que tão negregado sistema é especialista em inventar crises paroxísticas de que saia com um vale de vida prolongada...

    Beijinho e abraço

    ResponderEliminar