O Outro Lado do Assobio

Eu bem sei que, depois do tal Baptista precursor de falsificações, para desgosto do Grande Santo do nome, o curriculum de um participante na vida pública lusa passou a ser mais elemento incriminatório do que justificação de promoções. Mas no caso do Secretário Franquelim, parece-me muito plausível que, após o erro da indigitação, estejamos simplesmente perante um de... digitação: o zero está tão juntinho ao nove no teclado que, realmente, só a ânsia de chicana pode ver fraude onde apenas terá havido falta de cuidado, na consagração de 1970 por 1979. Há, no entanto, outros lados que merecem vaias, a começar pelo descaro com que o Ministro Relvas assobiou para o dito. Ninguém lhe perguntou desde quando conhecia a nova escolha governativa, mas o que achava de ela apresentar uma informação difícil de compatibilizar com a base factual. O duvidoso e contentinho humor com que contestou dá, por si só, nota da ausência de qualidade do inquirido. Tal qual a insistência pleonasticamente pobre do Ministro Álvaro na ficção de que as referências e aprofundamento investigatório à passagem do nomeado por negócios consensualmente vistos como escuros equivalem a um «linchamento público». Não conhecendo linchamentos privados, parece-me que temos uma reedição da «cabala» do Dr. Ferro Rodrigues, a propósito do lodaçal casapiano. É esta a Ética Republicana, responder a acusações específicas com imputações de intenções antagónicas, num recurso infantil à perseguição que só não é mania porque, desgraçadamente, as prevaricações do estilo vão sendo reconhecidas como um sintoma de lucidez. Aquela que falta quando se dá os nomes de "competitividade" e "empreendedorismo" a departamentos governamentais, ou seja, a que substitui por desideratos o que devia ser coutada das realidades...
                                                    O Choque do Antigo, de Peter Ravn

9 comentários:

  1. Meu Caro Paulo,

    Não fossem demasiadas as provas de incompetência política e de falta de conhecimento da língua pátria já dadas por estes dois bufões, tivessem eles, quando encurraldos pelos interlocutores, partido para a ofensa pessoal em vez daquele esboço de sorriso idiota seguido do virar de costas, e eu tirava-lhes o chapéu pela destreza com que chegaram a parecer dominar a dialética erística Schopenhaueriana.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  2. Quando os principais intervenientes se põem a jeito, a começar pelo primeiro ministro que com a arrogância dos incompetentes desvalorizou a passagem do homem pelo BPN, seguindo-se o ultra Álvaro que fez a já habitual triste figura na AR, é mais do que natural que a chicana ocorra. Do Relvas nem vale a pena falar tão desqualificado quanto boçal. Não vale a pena por as culpas na Etica Republica, Querido Paulo, nada disto tem ética seja republicana ou monarquica, veja-se o que se está a passar na vizinha Espanha...
    Beijinho

    ResponderEliminar
  3. Sim, Meu Caro Pedro, todo aquele deprimente caldo de deformações, sofismas e generalizações delirantes em acessos maníacos de contra-ataque para o ganhozito imediato não passa de cortina pouco espessa que, descerrada, desvela a inexistência, sequer, dum fundo aproveitável.

    Querida Ariel,
    infelizmente, são os políticos Republicanos que se põem a jeito, quando invocam uma superioridade ética específica da sua prática ideal. Que os desmentidos surjam de Repúblicas desavergonhadas como a de cá, ou coroadas, como a de Nuestros Hermanos, é a natural consequência de qualquer regime que se estribe na imagem precária que rende os votos.

    Beijinho e abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Afinal quanto às datas a história é outra e de contornos éticos à la relvas...
      Beijinho

      Eliminar
  4. É, Querida Ariel, assim, o caso apresenta-se muito melhor para o dono do curriculum e bastante confirmativo da costumeira imposturice dos responsáveis pela imagem do Executivo, à frente dos quais esse que indicou.

    Beijinho

    ResponderEliminar
  5. IC, posso ser ingénuo, mas gostei da entrevista do homem à RTP. Dá-me ideia de que foi esperteza saloia dos boys do governo, a ver se passava...

    Ab.

    ResponderEliminar
  6. Olha, não vi, não posso mandar bitaites...

    Abração

    ResponderEliminar
  7. Uma REVOLUÇÃO, Paulo, é o que é preciso! Mas das verdadeiras...

    Falando a sério, deparo-me com um número crescente de pessoas, justamente indignadas, a preconizar essa solução. A nossa "elite" política que se cuide...

    Ab
    Tiago

    ResponderEliminar
  8. Caríssimo Tiago,
    mas, para que se não caia nos mesmos erros e esperanças defraudadas, direi antes a Contra-revolução.

    Grande abraço

    ResponderEliminar