(Dois Mil e) Treze à Mesa

A um País de pantanas pouco convirá mais que a autoridade do catálogo Pantone ditando a cor do ano. E a lição que nos dá é de ter acabado a relação com o Laranja de 2012. Tomara, mas não se percebe a escolha do Verde-Esmeralda como substituto. Tirando a hipótese de assegurar ao Sporting a escapadela à descida de divisão, no plano nacional ninguém confiará ao Partido Ecologista Os Verdes a gestão da pilha de resíduos em que se transformou o País. Isto para mostrar como são perniciosas as cores. Os partidos partiram-nos a resistência, com a presente doença e do seu pretenso remédio, qual deles o maior veneno. Um Presidente levado ao cargo por partidos vê a catástrofe, mas nada faz, com medo do drástico e dos ralhetes dos endinheirados de extra-muros. Sobra a apreciação de um simulacro de tribunal, com Conselheiros indicados pelas colorações diversas do Paralamento que presumivelmente votarão conforme essas tonalidades mandarem.

Em Itália havia um Homem. Fez obra, mas não conseguiu resistir aos apelos cromáticos e, em vez de andar a Monti dos partidos, vai estragar tudo e estragar-se a si, liderando uma paleta de combinação de vários agrupamentos. Cá, a Esquerda Bloqueada optou por uma hidra bicéfala menos assustadora da Burguesia e irritadora do Povo, na dupla Semedo/Martins, em jogada de banco para substituir a raiva estruturada e excitação suspeita do Dr. Louçã por postura relativamente cordata e fresca. Mas sempre, sempre os partidos, a pregarem-nos a partida, o que mostra o erro de diagnóstico do Conselheiro Jacinto Cândido quando alvitrava ser o «Personalismo», no sentido peculiar de adesões a figuras destacadas, o maior dos males. Está comprovado que muito pior é a cumplicidade de grupelhos, roubem e estraguem secretamente ou às claras. Pelo que urge pô-los de partida.

4 comentários:

  1. Meu Caro Paulo,

    Fosse este Pântano impestado de Pantomineiros a inspiração da Pantone, e em vez do Verde-Esmeralda, a cor eleita seria o Vermelho-Rubi. Não!, não! e não! Não bajulo, não estendo a outra face nem tampouco calço a luva Branca para exigir satisfações pela (mais uma!) picardia ao "meu Sporting". Sobre futebóis estamos portanto conversados. E também no plano nacional pode o Paulo estar tranquilo que este Seu Amigo não se deixou enrolar pelas simpatia e bonomia da dupla Jerónimo/Bernardino.
    Representaria então este Vermelho-Rubi, não só o fim da relação com o Laranja de 2012, mas também o despertar, o tornar vivos os Cinzentos neutros que o rodeiam. Representaria a sintonia de todos eles na ideia da urgência em acabar com esses grupelhos que nos roubam e estragam futuros e a conquista dum lugar no Panteon para os que se destacassem a pô-los de partida sem deixarem o Vermelho enCRAVadO na ponta da arma.

    Um abraço

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  2. caro Paulo

    A noção da cor levanta questões de psicologia complicadas. Desde que nascemos adquirimos várias cores, as faciais, então, são uma escala pantone. Cada vez que falo com o meu contabilista auscilo entre o roxo e o amarelo-icterícia. O que me apraz dizer-lhe é que este país optou pela cor cinza-negro já há uns cem anitos! Quem disser que gosta do verde-tinto anda bêbado, os que dizem gostar de azulibranco não são daqui ou não são ouvidos.

    abraço

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  3. Querido Paulo, isso de os anos terem cores, com referencia pantone e tudo, era coisa que não me tinha ainda passado pela cabeça, embora a dita cuja esteja em linha com os tempos que correm, tristonha e baça. Estamos de acordo este regime Semi, não é coisa nenhuma, ou melhor é pior que coisa nenhuma, sobretuto quando nos calha em sorte um presidente da (des)linhagem do presente. Nunca arriscou um cabelo que fosse, não iria ser agora, mesmo com o país no abismo que iria dar-se ao trabalho de um murro na mesa. Estamos completamente entregues aos bichos.

    Beijinho e Bom Ano

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  4. Meu Caro Pedro,
    estou abismado com as Variações Sobre Uma Aliteração com que nos brindou! Desculpe qq. coisinha, quanto ao Futuro Leonino, mas não tive culpa, não foi de minha a responsabilidade a escolha da cor. Agora, há um ponto importantíssimo e desbravador no que nos propõe - o Cinzento crescente como resultado da mistura de algumas cores. Já sabíamos que o Branco resultava da reunião espectral de todas elas, mas ficamos agoira cientes de que na Política à Portuguesa, o Rosa, o Laranja, o Azul e Amarelo, assombrados por vermelhices florais murchas resultam no inelutável cinza que serve de uniforme sucedâneo aos ministros e apaniguados que nos impingem!

    Meu Caro João Amorim,
    sem dúvida, todo aquele que ame a ideia do que fomos procurará hoje os matizes do luto. E é curioso que o Negro só o tenha passado a ser desde El-Rei D. Manuel I, até aí, como, em parte, ainda nos tempos subsequentes, era o tom de gala e solenidade. E lembra-Se o Meu Amigo de qual era então a cor do nojo? Pois, o burel cinzento, nem mais! Desde a República, vivemos, entretanto, uma vida a preto e branco, sem o charme que se desprende do dos filmes antigos...

    Querida Ariel,
    é um contra-senso uma coisa má, quando semi, não passar a "meia-má". Mas foi essa a grande realização Republicana.
    Os bons alunos - e Este jactou-se de o ser da Europa - são assim, cumprem à risca a cartilha e, em matéria de voos, confortam-se em entrever nas aspirações dos que a eles estão sujeitos os perigos de Ícaro.

    Beijinho e abraços

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