A Gaia Vivência

O Dr. Menezes teve sucesso em demonstrar trabalho, mas descamba de cada vez que tenta mostrar-se visionário. A proposta de fusão de Vila Nova de Gaia com o Porto é de fugir, sob todos os pontos de vista. Primeiro porque é querer derrubar a fronteira natural do Rio Douro, assim uma coisa tão descabida como se o Dr. Costa viesse pugnar pela osmose de Lisboa e Almada. Segundo, porque a articulação das resoluções dos problemas da zona deve ter lugar nos orgãos da Área Metropolitana, para tanto criada. Outro entendimento traduziria uma situação de desfavor para os demais concelhos que a integram. Terceiro, porque se gerou, com os anos, uma identidade própria, apesar da interacção com a Capital do Norte, desde as segundas residências de outrora, ao dormitório não tão despersonalizado como outros, dos dias que correm, nem valendo o Vinho como factor aglutinador, ou correr-se-ia o risco de ter de anexar toda a costa produtora do Alto Douro. Mas, acima de tudo, porque a sugestão configuraria mais um prego no caixão da descentralização e das Liberdades Municipais. Em 1834, os Liberais iracundos já tinham obrigado à compressão de Vila Nova com Gaia, qualquer delas senhora de História própria. No momento, é a submissão à Cidade Maior que está na ordem do dia. Eu ainda espero que seja apenas uma tentativa meramente vocal de reiterar o amor pela terra que regeu durante os últimos anos. Pior seria se fosse um frete aos ímpetos anti-municipalistas do Governo, cujo P-M tanto apoiou, quer dizer, uma inclinação adicional à opressão administrativo-financeira provinda dos programas do Exterior.

13 comentários:

  1. caro Paulo

    Até 183e picos Gaia pertenceu ao Porto mas apenas a margem ribeirinha! Conhecendo as duas cidades, seria despropositado a união, mesmo que ideacional. Estou em crer que a cada dia que passa este candidato cria uma ilusão,lança um prémio, solta um esgar, porque está ávido de poder. Tenho pena que o discurso populista e demagógico tenha tomado conta da campanha eleitoral que este homem já começou a fazer. Espero que outros candidatos não sigam o mesmo modelo, de prometer mundos e fundos que não existem a não ser com muitos empréstimos bancários pagos pelo povinho.

    abraço

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  2. Meu Caro João,
    sim, a parte onde estavam os armazéns e adegas vinícolas, não era?
    Eu confesso que fiquei indeciso sobre se seria uma ideia lançada para concitar apoios, ou se exprimirá o desejo de vir a governar uma divisão administrativa ainda maior, a maior autarquia do País.
    Já agora, acha que a coisa tem hipóteses de obter eco?

    Abraço

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  3. O mais grave é que temo que a coisa tenha pés para andar. A cidade do Porto está entregue a uma população envelhecida e a uma burguesia com teres e haveres que tem vindo a perder influência. Conhecendo as gentes do norte, como os portuenses gostam de se intitular, é muito provável que embaraquem na aventura confiando que só assim "afrontarão Lisboa". Estas megalómanias calam fundo em espíritos provincianos sobretudo depois de uma cura de emgrecimento que retirou protagonismo à cidade levada a cabo pelo senhor Rio...Enfim,dirão como o Tiririca, pior do que está não fica...

    Beijinho Querido Paulo

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  4. caro Paulo

    Sim, era a zona ribeirinha onde estão hoje as caves do vinho do Porto. Quanto à ideia do Meneses, não sei. A partir do momento em que o programa mais visto do país é a "casa dos segredos", eu não sei prever um resultado, sei é que criar uma administração partilhada podia trazer vantagens mas não estou a ver a coisa a ser séria o suficiente para que essa união fosse mais vantajosa financeiramente. Pode ser um desastre. Suponho que o móbil está aí: em dividir dívidas e somar receitas e colectas. Por muito menos que isto em freguesias de Barcelos andou tudo à batatada e em Canas de Senhorim "ameaçaram" com a "independência"!!

    abraço

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  5. Querida Ariel,
    pois a rivalidade com Lisboa creio estar, mais uma vez, presente veladamente na inovação assim atirada ao ar, embora o proponente possa escudar-se numa postura nacionalmente mais estimável de nãoabandonar as Gentes de Gaia com quem manteve um idílio tão profundo.
    Acha? Mas as notícias que me chegam é que o Dr. Rio cimentou o respectivo prestígio com cortes duros mas criteriosos, ao contrário do seguimento cego de cartilhas tecnocráticas sem consideração que vai norteando o Governo da República...


    Me3u Caro João,
    sim dividir a dívida com uma autarquia menos exposta poderia ser bom para os endividados, mas um descalabro para os equilibrados. Seria curioso, regressarmos a uma atomização próxima do Medievalismo, um reconhecimento da falência (e não só no queaos cobres tange) da Centralização.

    Abraço

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  6. Caríssimo

    No meu modesto entender, sendo nado e vivendo actualmente no Porto, acho que a "rivalidade com Lisboa" tem muito a haver com a deriva centralista que tomou conta dos sucessivos governos da Capital, e que tem atingido com força os interesses do Norte (ou melhor, da Área Metropolitana do Porto) - vide os casos do Aeroporto Sá Carneiro, do Porto de Leixões, do Metro,das SCUT's...

    Posto isto, confesso que também tenho grandes dúvidas sobre a (boa) fundamentação da proposta e sobre o sentido de oportunidade da sua apresentação...

    Ab
    Tiago

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  7. Meu Caro Tiago,
    claro que a antipática legiferação e diarreia de instruções proveniente do Terreiro do Paço terá influído muito na desconfiança que mencionas, a par de alguma auto-apreciação acomodada à ideia de se ter o exclusivo do Trabalho, por Gentes da Cidade Invicta.

    No momento que corre a cartada parecer-me-ia mais cúmplice dos processos centralizadores do que reactiva contra eles. A minha dúvida subsiste quanto à aceitação de que ela possa beneficiar. Em tempos difíceis, a mudança propag(ande)ada cega e torna muitos indivíduos possessos de uma força tão catalisadora de solavancos como imprecisa.

    Abraço

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  8. Paulo

    Sim, tradicionalmente, as Gentes da Invicta sempre desconfiaram da Corte de Lisboa...aparentemente, com razão, como os acontecimentos têm demonstrado à exaustão...

    Concordo que, infelizmente, o cenário que apresentas, da cumplicidade do (possível) futuro Presidente da CMP com os processos centralizadores me parece mais o mais provável, dadas as ligações conhecidas entre o LFM e o PM...Espero é que os Portuenses tenham o discernimento suficiente para verem isso e reagirem em consonância...mas, claro, muita coisa vai depender dos outros candidatos...

    Ab
    Tiago

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  9. Meu Caro Tiago,

    claro que estas picardias de Norte contra Sul não são exclusivo cá do burgo. Sempre questões menores, todavia.

    Huuuum, não sei. A esta altura do campeonato, a apetência apaixonada pela CMP pode bem somar-se à publicitação da experiência de Gaia como trunfo,

    Abraço

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  10. Não é contra o "Sul", nem, sequer contra Lisboa, é contra o centralismo da Corte (das várias Cortes, aliás...nesse aspecto as coisas permanecem imutáveis) ;-)

    Esperemos que não, embora...o que a "malta" gosta é de "obra", mesmo que feita à custa dum endividamento crescente...

    Ab
    T

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  11. gente de fé24/01/13, 20:18

    este acredita em mu danças deve ser grego até tem um Tau como símbolo

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  12. Meu Caro Tiago,
    já se sabe, desde o Jacobinismo, centralizar é viver.

    E em Gaia, já se sabe como aconteceu...

    Abraço

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