Por Via Das Dúvidas...

Bertrand Russell conta que, certo dia, para testar o homem mais "livresco" que conhecia, um dos Irmãos Trevelian, lhe perguntou se ele destruiria o Mundo, caso tivesse poder para tanto. Respondeu o interpelado: E destruir a minha biblioteca? Nunca! Receando residualmente pelos meus livros, na véspera da concretização aprazada da Profecia Maia de muitas troças e alguns temores, permaneço cautelosamente pessimista. O meu Pároco e a Nasa liquidaram qualquer expectativa positiva que tivesse no termo abrupto das dores do Planeta, o que, aliás,  já as melhores imersões religiosas e filosóficas haviam feito com outra competência, ao conferirem um sentido transcendental ao Sofrimento. No entanto, estas predições são perigosas. Muito boa gente, equacionando a probabilidade deste termo, fará o que sempre tinha desejado secretamente, ou procurará algum gozo cruel abafado, agora que já não julga ter de enfrentar as censuras, vergonhas e vinganças do dia seguinte. Outros, apavorados, procurarão uma fuga patética que os arrebanhe entre os raros náufragos sobrevivos capazes de contar a história. Nada disso farei. Não quero acabar os meus dias numa garagem de ansiedades, não pretendo empreender acções reprimidas que estabelecessem todo o resto da minha vida como o fracasso reiterado. Ou por outra, fá-lo-ei: na eventualidade de ser esta a derradeira oportunidade, escrevi este post que, de imediato, ousarei publicar.
                            Fim do Mundo, de Samantha Magowan e Allison Schulnik Ou ainda, por via das certezas, com Gilbert Bécaud, a proclamação de o fim do Mundo assustador ser somente o Do Que nos toca...

5 comentários:

  1. rudolfo moreira20/12/12, 16:30

    os descendentes dos maias já explicaram que não é o desaparecimento do mundo mas uma modificação grande

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  2. Caríssimo Paulo,

    Não querendo pôr em dúvida a expertise dos antigos Maias, conforto-me no por Si citado filósofo que advertiu que "mesmo que os especialistas estejam todos de acordo, podem muito bem estar enganados".
    Pelo sim pelo não, vou preparar uma malinha com duas ou três mudas de roupa antes de me deitar esta noite. Quem sabe não poderei ser um dos eleitos a uma voltinha de OVNI? Chateava-me sobremaneira ter que andar o resto dos meus dias vestido de macacão com decote em V e botas de motard prateados!

    Um abraço

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  3. Caríssimo Rudolfo,
    conquanto a mudança seja para melhor...
    O meu enraizado mau feitio reconduz-me sempre ao cepticismo do Churchill: «Venero o Passado, desconfio do Presente, temo o Futuro».

    Não menos Caro Pedro,
    isso é que é uma postura avisada! Verdadeiramente wildeana, essa preocupação de saída em grande uniforme! E eu, que já não tenho tempo de mandar fazer casaca, terei de me contentar com os que nela me cortem.

    Abraços

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  4. Estou cheia de inveja das botas de motard prateadas ali do Carissimo Pedro, eu que sempre desejei umas em miúda mas a minha mãe fez-se de desentendida ...:)))
    Pelo sim pelo não vou fazer figas, não vá o Diabo tecê-las e pregar mais uma partida à Europa, já que da Austrália chegou a boa nova de tudo se encontra em boa ordem.

    Beijinho Paulo

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  5. Sim, Querida Ariel, que meridiano usar para calcular, com décalage horária, o calendário do fim do mundo? Como Maia é a profecia, possivelmente o que corte a América Central. E mesmo depois de semelhante desconto, ainda devemos tomar em atenção o paralelo com a fala do Adivinho shakespeareano para Júlio César - «Os Idos de Março chegaram, mas ainda não se foram». Só depois de esgotado o tempo é que o alívio tem direito de cidade.

    Beijinho

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