Abordagem à Catalunha

Mas terá razão? O Argumento-suspeição do Candidato/Presidente da Autnomia Catalã é reversível. Se ele instila ser um relatório sobre corrupção a si imputável uma manobra eleitoral para o prejudicar, também esta negação genérica em função dos antagonismos pode ser vista como uma escapatória fácil rumo à impunidade. E a colagem à precipitação de um independentismo face a Madrid uma tentativa de cavalgar o orgulho particularista da Região, à semelhança da instrumentalização da invasão das Falklands pelo General Galtieri e os seus pares, em altura de dificuldades internas.
Nos meios Nacionalistas de cá, as posições face ao separatismo catalão são de sinal oposto e ambas ancoradas em preconceitos: há os que, em nome de um ódio ancestral ao Espanhol, na linhagem de Franco Nogueira, o estimam e lembram a ajuda que a sublevação seiscentista por lá deu à nossa Restauração. E outros existem que, fiéis à missão imperial da Cristandade, se mostram nostálgicos da uníão entre Madrid e Lisboa contra os Protestantismos, deslizando ou não para o Iberismo de jure.
A minha praia é outra: acima de tudo, em Política, sou monárquico e desconfio de todos os arroubos Nacionalistas fragmentários, como os que desataram a gritar por países no Liberalismo ejaculado da Revolução Francesa, numa transposição da pretensa relevância das vontades individuais para as nacionalidades. Continuo a achar que um Soberano reinando por igual sobre Povos diversos, com bondade paternal e uma burocracia sem opressões partidárias seria a melhor receita para salvaguardar a paz sem o totalitarismo das facções ou dos particularismos étnicos. Como no Império de Carlos V, mas, muito mais, no Austro-Húngaro, de que hoje cresce a nostalgia.
O caso Catalão do momento apresenta-se com um aspecto bem pior: historicamente, o seu ressabiamento contra a Espanha e a respectiva Capital levou-o, não a erguer-se sob um Príncipe genuinamente seu, mas a aclamar o Rei de França, no Século XVII, ou a dar em colaboracionista dos ditames do Internacionalismo Vermelho às ordens de Estaline, na triste Guerra Civil de 1936-1939. Na agenda do dia, ressaltam as invocações mais mesquinhas, de se tratar de uma região rica e não querer sustentar outras menos produtivas, um pouco como os Flamengos contra os Valões e faltando-lhe a atenuante de, como aqueles, querer corrigir um Estado artificial e arrivista; ou a de estar submetida a exacções fiscais para sustentar belicismos conduzidos sem aptidão, como no tempo de Olivares.
Mas nem equacionam o desgosto que lhes advirá, permanecendo na União Europeia, da transformação, pelos reduzidos valores demográfico e territorial, em pouco menos que um micro-estado. Nessa perspectiva, a irrelevância que os esperará, caso consigam o corte com que sonham, não lhes trará emancipação, mas somente substituição de senhores e decréscimo de peso. A independência será uma Miragem à Catalunha
                                                        Selo com Alegoria de Espanha (1909)

10 comentários:

  1. -> Senhores Neo-Feudais (bielderbergos - alta finança capital global) em pânico... sempre que... se fala em SEPARATISMO tendo em vista a Sobrevivência de Identidades Étnicas Autóctones.
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    NOTA 1: Ninguém acredita (bom, exceptuando os 'parvinhos-à-Sérvia' - vide Kosovo) que com a evolução demográfica em curso... Portugal (França, etc) irá conseguir sobreviver!
    (obs: com o desmoronamento da base sociológica que esteve na sua origem... uma Identidade não vai conseguir sobreviver)
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    NOTA 2: O pessoal com um discurso anti-separatismo-50-50... como é óbvio, não é português, francês, etc... trata-se, tão somente, de MERCENÁRIOS ao serviço dos senhores Neo-Feudais (bielderbergos - alta finança capital global).
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    P.S.
    Uma NAÇÃO é uma comunidade de indivíduos de uma mesma matriz racial que partilham laços de sangue, com um património etno-cultural comum... uma PÁTRIA é a realização e autodeterminação de uma Nação num determinado espaço.

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  2. PVNAM,
    pode ser que me engane muito, mas não vejo ninguém em pânico com a perspectiva da independência catalã, salvo os que ainda acreditam na viabilidade de uma «España Una».
    O Feudalismo, por neo que seja, é o contrário do internacionalismo capitalista, como igualmente alheio e hostil aos estados unitários que se construíram à custa dele. Era uma maneira de os fracos, por aliança honrosa com um forte, se subtraírem à pilhagem voraz de outros poderosos, precisamente o que deixou de ser possível neste mundo exposto à prepotência eurocrata e à gula financeira internacional, sem forças equilibradoras a que recorrer. Precisamente o modelo que passou do esboço a uma fase mais adiantada da obra destruidora com a Revolução Francesa, ao conseguir-se que a Burguesia e o universo do dinheiro se apropriassem do trabalho de sapa da centralização Régia que já havia destruído as protecções essenciais à sobrevivência de muitas comunidades sem escravização ao industrialismo em massa e ao lucro alheio.

    Cumprimentos

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  3. Não me sinto capaz de entrar numa discussão séria sobre o tema. De todo o modo já fui "catalanista", hoje sou iberista, basta olhar para a geografia e para a evolução da política europeia para se perceber, como muito bem salienta no brilhante "trocalhido" que a independência será a miragem da Catalunha...

    Beijinho Querido Paulo

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  4. ler "trocadilho", isto as pressas...:)))

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  5. Querida Ariel,
    nem ponho já a questão da paz na Europa, porque cada vez estou menos certo de serem a maior ou menor dimensão e quantidade dos Estados a receita para a manter. No caso Catalão, sempre motivados por uma cega aversão a Castela, prefreriram a submissão a outros centros de poder, Paris, Moscovo e, agora, Bruxelas. Há, entretanto um perigo para a estabilidade europeia associado a uma independentizaçãao do território que gravita emtorno de Barcelona: o de uma Catalunha independente fomentar um irredentismo no Roussillon que, antes de a França o anexar, lhe pertencia. Claro que a maioria no território parece desejar a continuação do presente estado de coisas, mas como nos ensina a Irlanda, não advém tranquilidade alguma daí.

    Beijinho, Querida Ariel

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  6. ahahah, "o liberalismo ejaculado da Revolução Francesa"!...
    brilhante, e simpático também. Volontiers.

    Quanto à Catalunha, acho bem; o País Basco, também, incluindo o francês; Galiza em autodeterminação, já; e Castela-a-Velha, why not?. A Espanha como Estado nunca me convenceu, apesar dos 500 anos que já leva. E gosto muito ods espanhóis..

    Abraço

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  7. Meu Caro RAA,
    se vamos pelo desmembramento, a Galiza seria passível de osmose cá com o pessoal, não Te parece? E o Roussillon? Achas viável um estado-anão cortado pirenaicamente ao meio?

    Abração

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    1. Provavelmente achariam piada, os minhotos do norte.
      Quanto ao Rossilhão (dá-me mais jeito), não faço ideia. Seria giro, porém.

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  8. Meu Caro RAA,
    Só?
    É certo que as Gentes entre um e outro lado da fronteira já não reconhecem a dita, dsde logo na organização familiar.
    Quanto ao Rossilhão anexado (a propósito, também dizes "Michigão" por Michigan?), penso que será essa a tal fé que move as montanhas...

    Abraço

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  9. Não, mas se quiseres digo Perpinhão, ou até Oxónia...

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