A Boca Para a Verdade?

Embora a minha gaffe de político favorita continue a ser a do Marechal Costa e Silva, antigo Presidente Brasileiro, «o Brasil estava à beira do abismo. Veio a Revolução e demos um passo em frente», a que ontem escapou a um fornecedor habitual, o Vice-Presidente Joe Biden, dos EUA, também não é má de todo: referindo-se a Obama, declarou que «não houve um único dia em que se tivesse orgulhado de ser seu vice».  As oposiçoes fazem, num e noutro dos casos, a chacota costumeira, dizendo que os subconscientes os levaram a escorregar para o reconhecimento da realidade. Mas o que mais importará é relembrar o gáudio em fazer da segunda figura dos States o alvo preferencial do desprezo e das sátiras do País. Quando têm um Quayle ou um Biden, deliram. Quando surge um Gore ou um Chenney, insusceptíveis da rotulagem de desmiolados ou desbocados, gera-se uma antipatia inamovível, como se faltasse o cano de escape do desdém pelo Governo, apesar do pudor em o descarregar sobre o chefe de Estado, talvez por resquícios do trauma republicano presente na mitificação da independência.
O certo é que sobre a segunda figura da Federação, um eterno suplente à espera de um desastre para subir ao palco, se concebeu o escárnio célebre: «dois homens muito promissores na sua juventude seguiram um mesmo destino. Um, viajou para paragens longínquas e desconhecidas, o outro foi eleito vice-presidente dos EUA. De um e de outro nunca mais se ouviu falar». Poucos foram eleitos, directamente, para o cargo máximo, porventura porque aos segundos está reservada a zombaria livre que dê a ilusão de uma inferioridade que aproxime.

10 comentários:

  1. Não precisamos de procurar muito na actual campanha eleitoral americana para encontrar a gaffe do século quando Mitt Romney perguntou com preocupação genuína, porque razão não é permitido abrir as janelas dos aviões...:))

    Beijinho Querido Paulo

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  2. De facto, a mediocridade da(s) classe(s) política(s) americana e europeia é atroz...e preocupante!

    Ab
    Tiago

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  3. Querida Ariel,
    ah, essa escapou-me, mas reforça a regra de que para trazer uma lufada de ar fresco convém não andar nas nuvens...

    Meu Caro Tiago,
    apesar da recorrência arrastada da circunstância que apontei, salta aos olhos um abaixamento no nível dos governantes. Mas muitas vezes penso que acompanha o dos governados, pelo que reciprocamente se merecerão, mesmo que não se estimem.

    Beijinho e abraço

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  4. Pois é, os governantes emanam do universo dos governados, pelo que é natural que o nível seja o mesmo, ou similar...

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  5. É a Democracia no seu estado puro!

    Ab.

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  6. Já Agora, Caro Tiago, para veres como nisto de gaffes umas chamam as outras, olha para esta denúncia jornalística do mesmo Biden, a propósito de mais umas asneiras. Mas, ou algo me escapa, ou o próprio redactor do artigo, por sua vez, escreveu «Obama» em vez de "Bush" e onde o VP dissera «Clinton»...

    Abraço

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  7. Desculpa, disparei cedo. Era esta:

    http://www.foxnews.com/politics/2012/11/04/biden-has-two-gaffe-sunday-in-ohio-both-related-to-former-president-clinton/?intcmp=trending

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  8. Mas não é tudo o mesmo?!...

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  9. Pois, a distinção é artificiosa e, tomada no sentido de qualidade, fictícia.

    Abraço

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  10. Bem me parecia...;-)

    Ab
    Tiago

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