16 de Novembro de 1952. Charles Maurras presente!


Há sessenta anos morria Charles Maurras. Latinista, helenista, poeta, ensaísta, crítico literário, jornalista político, polemista excepcional, foi sobretudo um filósofo político neo-monárquico e crítico demolidor do liberalismo e da democracia.  Homem de génio, rompeu as coordenadas do seu tempo e efectuou a síntese do pensamento contra-revolucionário tradicional e do positivismo. Doutrinador de uma Contra-revolução actualizada ao século XX, teorizador do Nacionalismo Integral, lider da Action française, Maurras foi um dos principais referentes da chamada Direita Nacional em França e na Europa da primeira metade da última centúria. Creio não exagerar ao afirmar que a influencia que exerceu na formação do pensamento político de Salazar é, a muitos títulos, simplesmente extraordinária. Mas a voz deste Apóstolo da França e da Monarquia não ecoou apenas no velho Continente, conquistando adeptos nas Américas, de Norte a Sul. No Mestre de Martigues amalgamaram-se várias tendências, do tradicionalismo de Maistre e Bonald ao positivismo de Comte, do catolicismo social de Le Play de de La Tour du Pin à ciência histórica de Renan, Taine e Fustel de Coulanges. Monarquia tradicional, hereditária, antiparlamentar e descentralizada foi a sua fórmula.  Inimigo histórico da "Alemanha eterna" e adorador da déesse France, é escandalosamente condenado à prisão perpétua - à partida exigiram a pena de morte - por "inteligência com o inimigo".  Deixou o mundo dos vivos a 16 de Novembro de 1952, reconciliado com a Fé da sua infância, a Fé que tão bem soube defender, como declarou o Papa São Pio X.  É, pois, com a "Prière de la Fin" que recordo o Grande Mestre, mais imortal do que nunca.




« Seigneur, endormez-moi dans votre paix certaine

Entre les bras de l’Espérance et de l’Amour.

Ce vieux cœur de soldat n’a point connu la haine
Et pour vos seuls vrais biens a battu sans retour.

Le combat qu’il soutint fut pour une Patrie,
Pour un Roi, les plus beaux qu’on ait vus sous le ciel,
La France des Bourbons, de Mesdames Marie,
Jeanne d’Arc et Thérèse et Monsieur Saint-Michel.

Notre Paris jamais ne rompit avec Rome.
Rome d’Athènes en fleur a récolté le fruit,
Beauté, raison, vertu, tous les honneurs de l’homme,
Les visages divins qui sortent de ma nuit :

Car, Seigneur, je ne sais qui vous êtes. J’ignore
Quel est cet artisan du vivre et du mourir,
Au cœur appelé mien quelles ondes sonores
Ont dit ou contredit son éternel désir.

Et je ne comprends rien à l’être de mon être,
Tant de Dieux ennemis se le sont disputé !
Mes os vont soulever la dalle des ancêtres,
Je cherche en y tombant la même vérité.

Écoutez ce besoin de comprendre pour croire !
Est-il un sens aux mots que je profère ? Est-il,
Outre leur labyrinthe, une porte de gloire ?
Ariane me manque et je n’ai pas son fil.

Comment croire, Seigneur, pour une âme qui traîne
Son obscur appétit des lumières du jour ?
Seigneur, endormez-la dans votre paix certaine
Entre les bras de l’Espérance et de l’Amour. »

Charles Maurras, Clairvaux, 1950

2 comentários:

  1. Lembrando aquela extraordinária Fonte no seu precurso cheio de escolhos para o encontro com o Senhor, lembro, ainda no período do agnosticismo, as mãos estendidas que corporizava a imagem de Santa Joana d`Arc no punho do seu espadim de Académico.

    Grande abraço, Meu Caro Marcos

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  2. Mãos guerreiras, Caro Amigo, num combate constante para recuperar a Fé.

    Abraço apertado.

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