O Bode Expiatório

O Dr. Costa deu seguimento ao nome, mostrando que as tem largas o suficiente para avocar responsabilidades que lhe não cabem por inteiro, no triste episódio da bandeira invertida. É um político acima da média muito mediana que nos coube em sorte e sabe que oferecer-se em imolação figurada beneficiará, a prazo, as suas ambições, quando o Coelho estiver em vias de extinção e o Seguro tiver morrido, precocemente e não de velho. Há, no entanto que dizer que não deixar solteirona até ao enterro a culpa desta rábula carnavalesca não ilude as responsabilidades de participação no acto vil da opressão partidocrática e labora em instilar um engano de maior amplitude e perigo - sugere que o objecto virado às avessas e o que ele representa contêm alguma dignidade a defender. Digo-o com pena. Nos meus tempos de militar jurei precisamente aquele pano, fazendo das tripas coração e pensando nos Combatentes que por ele morreram abstraindo da representação do regime em prol do simbolismo pátrio. Hoje, porém, nada disso faz sentido, o verdadeiro estandarte é o que nos faz ver as estrelas e nos pertence tanto como a mais vinte e tal. Os emblemas de Portugal mais não servem do que de guiões regionais.
                                                    O Porta-Bandeira, de Harry Jackson

2 comentários:

  1. Vou "roubar" este belíssimo Porta Bandeira para os meus arquivos. Quanto ao resto o Dr. Costa sabe muito, não dá ponto sem nó e o Seguro teria mesmo de nascer duas vezes...
    Beijinho

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  2. É belo, não é, Querida Ariel?
    Até pensei dedicá-lo a um Amigo nosso que já blogou sob esse nickname e que anda afastado e esquecido de quem O estima...
    O Seguro é a outra face da moeda de duas caras que nos calhou. Sabe, lá volto ao mesmo, aquela que não deixaram ter coroas.

    Beijinho

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