Emagrecimento ou Anorexia?

Se eu achasse que, em sistemas eleiçoeiros, as declarações dos políticos têm mais substância do que a de agradar à audiência que lhes calhe, desde que potencialmente votante, angustiar-me-ia com as declarações do candidato Republicano à Presidência dos EUA, Mitt Romney, dizendo que quase metade dos eleitores se vê como vítimas e está convicta de que deve ser ajudada pelo Estado, «nõo assumindo as suas responsabilidades». O caso é tanto mais estranho porquanto, na sua governação do Massachusetts, o autor do desabafo edificou um arremedo de sistema de saúde público, clamando contra os excessos dos puristas do não-intervencionismo. E alinhou, compreensível mas incoerentemente, com os apoiantes do resgate a bancos à beira da falência, para evitar as convulsões maiores do pânico dos depositantes. Apesar de movimentos populares das bases do Partido lhe torcerem o nariz, ninguém o olhou como aos liberais do Governo que nos aperta, os quais se querem ver livres de toda e mais alguma actividade estatal, sobretudo se lucrativa, mas, concomitantemente, aumentam os impostos! A meu ver, a coisa é simples: se o Estado se demite das funções a que nos habituou, tem de arranjar, muito bem arranjadinha, uma razão para continuar a existir. E inverter os papéis da vítima e do agressor é um demagógico truque oratório que não compensa pelo apreço de pequenas audiências a desconfiança das grandes massas (em sentido outro que o da concentração de riqueza). A levá-lo a sério, seria referida às arbitrariedades da demissão do Poder e não à iniciativa individual que passaria a entender-se a famosa citação de um dos próceres da teorização clássica do Mercado e da Concorrência:

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