Odor di Femina

A Igreja Copta, pelas contingências hostis em que se move, inspira-me uma simpatia que aqui deixei expressa logo nos alvores da Primavera Árabe que mudou o Egipto. Todavia, defende doutrinas muito estranhas à tradição religiosa em que nos fizemos, como a veneração de Pilatos como Santo, achando que ele tinha feito muito, onde por cá se pensa ter feito demasiado pouco. No caso do papiro tardio que referiria a Mulher de Jesus, todo o background gnóstico é notório, mas parece-me curteza de vistas acreditar que os objectivos se cingiriam à reivindicação do sacerdócio para as Mulheres. Tenta ser mais, legitimando a interpretação da união carnal de Cristo, abre-se espaço para a mais que conhecida mi(s)tificação que identificaria o Santo Graal com a eventual Descendência do Senhor, desvalorizando, concomitantemente, o dogma da Presença Real na Consagração do Vinho litúrgica. E, last but not the least, despromoveria o papel de Nossa Senhora, Odiada por tantos progressistas e feministas como Referência Ideal Eclesiástica do Belo Sexo, no duplo enfoque de Mãe Protectora e da Concepção pelo Espírito Santo, apesar de o parto de uma virgem ser um antiquíssimo arquétipo de religiosidades várias, impulso reiterado e natural antes de ser confirmado pela Encarnação. Não creio que este epifenómeno das heterodoxias contestatárias e desvirtuadoras tenha pés para andar, muito menos no que resta de um País tão Mariano qual o nosso.
                                                 O Santo Graal, de Dante Gabriel Rossetti

6 comentários:

  1. UAU, funcionou :)))
    Bem, nestas questões Marianas não meto a colher.

    Beijinho

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  2. Querida Ariel,
    desde que se decifre o gatafubho esborratado... mas, no meu caso, deixava-me tão frustrado que nem atentava nos números. Ou talvez fugisse deles, por serem de polícia, hihihihi.

    Beijinho

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  3. "Não creio que este epifenómeno das heterodoxias contestatárias e desvirtuadoras tenha pés para andar, muito menos no que resta de um País tão Mariano qual o nosso."

    A ver vamos. Como as coisas estão, não me admiraria nada...

    Ab
    Tiago

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  4. Meu Caro Tiago,

    não me cheira. Vejo muitas hipóteses de erosão da Fé, mas, em Portugal, não à custa dum pseudo-casamento de Jesus.

    Ab.

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  5. Antes do mais dizer o quanto gostei da visita do Paulo, que agradeço, acrescentando que fico ansiosa pelo ensaio sobre o Sebastianismo.

    Quanto ao papiro, cheira-me a vontade de protagonismo " a la Don Brown ".

    Beijinho

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  6. Ai, Cristina,

    o gosto foi todo meu. Tenho pena que ao longo do último ano a vida me tenha impedido de frequentar com mais assiduidade a blogosfera e, maxime, os escritos de Quem estimo.
    Quanto ao Brown, aquilo é um guisado de esoterismos e heterodoxias fantasistas que só encontra desculpa em ser, assumidamente, um rebento de Ficção.

    Beijinho, rejubilante de A ver por cá

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