Ideias incorrectas

O caso é praticamente desconhecido fora de França. Em 2009, Aymeric Chauprade, um eminente geopolitólogo, foi afastado das suas funções docentes na Escola de Guerra por razões políticas, depois de ter publicado um livro onde refere algumas teorias que contestam a versão oficial do 11 de Setembro.


Doutorado em Ciência Política, Aymeric Chauprade é um geopolitólogo francês, discípulo de François Thual, responsável pelo nascimento de uma “nova escola” de Geopolítica em França. Ao longo da sua carreira tem publicado diversas obras, colaborado em várias revistas, sendo director da “Revue française de géopolitique”, e ensinado em várias universidades. Entre 1999 e 2009 foi professor no Collège interarmées de defense (CID), a antiga Escola de Guerra, até ser afastado pelo que escreveu.

No seu livro “Chronique du choc des civilisations”, Chauprade dedica um capítulo aos diferentes argumentos e teorias que contestam a versão oficial dos atentados de 11 de Setembro. Na sequência, jornalista Jean Guisnel publica um artigo no jornal “Le Point” criticando-o pelo que escreveu e duvidando da sua autoridade científica. Na sequência desta “denúncia”, o ministro da Defesa, Hervé Morin, decidiu afastar Chauprade do CID. Era a altura do segundo Governo de François Fillon e a França alterara a sua postura internacional para um atlantismo pró-EUA. Chauprade apresentou queixa contra o jornal e o ministro e o tribunal acabou por dar-lhe razão. Para além de vencer a batalha judicial, Chauprade contou sempre com o apoio dos seus alunos e mesmo do director do CID durante a controvérsia, que afirmaram que ele “nunca havia feito proselitismo nas aulas”.

Mesmo assim, o caso não deixa de ser uma mancha num sistema democrático, onde um ministro decidiu cercear a liberdade de um professor e investigador reputado.

3 comentários:

  1. A liberdade de expressão traz perigos, sim... mas... a implementação do lápis azul (vulgo censura) traz perigos muito muito maiores!...

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  2. Mas qual mancha?! A própria essência da nódoa democrática é querer a bom querer que todos pensem como eles. O que não faz de mim concordante com as teses da vítima, que desconheço.

    Abraço

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  3. De acordo, mas a mancha não é tanto o nivelamento, mas a intervenção directa de um ministro no afastamento de um professor universitário por algo que este escreveu.

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