Eu Já Vi Este Filme

Corre por aí fora a imagem do beijo que a Jovem Adriana Xavier pespegou num elemento da Polícia de Intervenção. Como a Menina é toda "pensamentos bons e afectividade", mais do que de «BEIJOS ROUBADOS, procura-se uma nova versão de «A BELA E O MONSTRO, em que este, substituindo a paixão do original pelo embaraço, se prestaria, por via da exibição de uma impassibilidade superiormente forçada, a sublinhar o odioso de um corporação votada a reprimir. Eu, porém, dei tratos ao miolo e descobri uma referência artística muito mais ajustável a fonte da coisa: veja-se, La Belle Dame Sans Merci, de Sir Frank Dicksee, não é muito mais coincidente? E se os meus Leitores bem recordam a história, cantada no poema de Keats, a beijoqueira visava adormecer o cavaleiro... Que este se mostrasse em êxtase e o agente policial o contenha mais não é do que a vantagem de trabalhar por conta própria.

Entretanto, a Assembleia da República antecipou eventuais moções inúteis, para expressar a sua desconfiança quanto à relação de poder privilegiada entre o Dr. Passos e o Ministro Relvas - exibe, com estrépito, «O GEBO E A SOMBRA»!

4 comentários:

  1. rudolfo moreira19/09/12, 16:32

    os polícias já estão habituados a carinhos destes nas praxes universitárias

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  2. Excelente último parágrafo. Na mouche!

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  3. "La Belle Dame Sans Merci" encaixa na perfeição do "instantâneo", contudo, sabemos, que a jovem pretendia os seus segundos de fama e, vai daí, até é capaz de ter lavado os longos cabelos pela manhã, da sua juventude.
    Conheci pessoalmente, em trabalho, o Manoel de Oliveira, gostei imenso da sua personalidade e carácter e aproveitei para lhe dizer que o seu discurso, aquando da visita de S. Santidade Bento XVI, no CCB, foi um dos maiores caroços que o regime teve de engolir...!

    abraço

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  4. Meu Caro Rudolfo,

    sendo certo que, aí, a coerção sobre os caloiros inviabiliza a postura cativadora desta simpática osculatrix...

    Muito Caro Duarte,

    a realidade, de tão sombria, salta à vista, é o que é.

    Caríssimo João Amorim,

    claro que um manifestante que adopte uma forma de expressão que o destaque da multidão não perde de vista a perspectiva de promover-se. Mesmo que seja pelas melhores razões, por exemplo, ganhar audiência para o que defende. Ou pelas piores, estimulando impulsos de recrutamento que o favoreçam. Cada caso é um caso.
    Sempre achei a pessoa de Manuel de Oliveira muito interessante e simpática. A Estética da maior parte da respectiva obra é que não me suscita adesões por aí além.

    Abraços

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