O meu país traiu-me
O meu país me dói, pois que enche os seus caminhos,
Que lança filhos seus entre as águias sangrentas,
Que põe soldados seus em combates mesquinhos,
E dá ao céu azul um sol de armas violentas.
O meu país me dói em este tempo escuro,
Com juramentos vãos, com o quebrar dos laços,
Com a sua fadiga e as nuvens do futuro,
Com seus fardos de peso a entorpecer-lhe os passos.
O meu país me dói, ao ser dúplice e vário,
Ao abrir o oceano para os navios cheios,
Ao abater na morte o marujo e o corsário,
Ao apagar, ligeiro, os erguidos esteios.
O meu país me dói pelos seus exilados,
E tanto calabouço e p’los filhos perdidos,
Por cada prisioneiro entre arames farpados,
E pelos que estão longe e hoje desconhecidos.
O meu país me dói pelas terras em chamas,
Dói-me sob o inimigo e dói sob o aliado,
Dói-me em seu corpo e alma e dói-me com os seus dramas,
Dói-me sob a grilheta onde está subjugado.
O meu país me dói por toda a mocidade
Sob estandarte estranho e dispersa em parcelas,
Perdendo um jovem sangue a cumprir a verdade
As promessas de quem já nem cuidava delas.
O meu país me dói, pois vejo tantos fossos
Cavados por fuzis que os irmãos empunharam,
Dói-me ver usurpar, até ao sangue e aos ossos,
O salário mais justo e os que renunciaram.
O meu país me dói, a escravizar-se, exangue;
Por seus carrascos de ontem e pelos que hoje há,
O meu país me dói, a lavar-se com sangue;
O meu país me dói. Quando se curará?
Robert Brasillach
3 de Fevereiro de 1945
(tradução de Goulart Nogueira)
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Como uma luva!!!
ResponderEliminarAbraço!
Bonito, muito bonito. E muito triste.
EliminarMaria