Fama e celebridade

Fama e celebridade estão hoje presentes em todo o lado. Podemos dizer que se tornaram a obsessão deste século. Para além do universo das revistas cor-de-rosa e de toda a explosão mediática a que hoje assistimos, eis uma obra séria, feita por académicos, mas acessível ao público em geral. Um olhar atento sobre um fenómeno que marca profundamente a sociedade actual.



“A Vida Como Um Filme: Fama e Celebridade No Século XXI” (brochado, 260 páginas, 11,99 euros), analisa o mundo das celebridades, vedetas e famosos nos mais variados campos. Da política à filosofia, passando pela televisão ou a imprensa tablóide e até pela música e o desporto. Com coordenação de Eduardo Cintra Torres, docente e investigador na Universidade Católica e crítico de televisão e ‘media’, e José Pedro Zúquete, politólogo e investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, este livro junta uma dúzia de autores, provenientes de cinco países.

No primeiro capítulo, José Pedro Zúquete parte “Em busca do carisma perdido”, debruçando-se sobre a evolução e importância deste conceito, num excelente texto que o leva até Francisco Sá Carneiro, que considera “um herói português”, ilustrado com um ‘cartoon’ de Augusto Cid, publicado n’O Diabo, que termina com uma mensagem de esperança. Eduardo Cintra Torres analisa a televisão como o meio em que a celebridade está em “estado natural”, tocando em assuntos como a concorrência com a política ou a confusão do real e do fictício nos chamados ‘reality shows’. Podem ler-se ainda reflexões bastante interessantes sobre as celebridades e os jovens em Portugal, o dilema do fã e a experiência emocional da idolatria, bem como uma perspectiva filosófica sobre a fama e o tempo.

Sobre as realidades estrangeiras, há um capítulo sobre a “peopolização” política em França, um sobre a cultura da celebridade americana, outro sobre a celebridade na cultura dos tablóides populares britânicos, e ainda um sobre a revista “Caras” brasileira e a exposição da vida quotidiana dos famosos. Há, também, análises de casos concretos, como o do treinador de futebol José Mourinho ou o do músico norte-americano Bruce Springsteen.

Por fim, uma referência editorial. Por vontade dos autores, o livro respeita a ortografia anterior ao novo Acordo Ortográfico, mantendo a grafia original brasileira nos textos de autores brasileiros. Um belo exemplo de lusofonia – a seguir –, onde todos se entendem, sem necessidade abastar graficamente a nossa língua.

Um livro oportuno, bem estruturado e sustentado, que nos ajuda a compreender melhor o filme da vida moderna onde, como nos diz a Introdução, “muitos de nós, com mais ou menos intensidade, nos tornámos espectadores e actores”. [publicado na edição desta semana de «O Diabo»]

2 comentários:

  1. Obrigado. Por existirem, e pelo blog.

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  2. Desta vez falo por todos os Jovens: muito obrigado, nós.
    Cumprimentos.

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