Sem Rei nem roque


Ao ouvir nomes como os de San Martín e Artigas, julgo que a muitos vêm-lhes a mente a imagem de dois revolucionários republicanos e anti-espanhóis, com o Contrato rousseauniano na mesa de cabeceira e o avental bem engomado e ajustado. Tornada dogma pela historiografia oficial, confesso que essa era a minha percepção das duas personagens - para àquela, motivo de êxtase, para mim, claro está, motivo de consternação. Entre os próceres autênticos e a caricatura liberal medeia um abismo. Proyectos monárquicos en el Río de la Plata, de Bernardo Lozier Almazán, é um interessantíssimo contributo para desmistificar um embuste duas vezes secular, ao demonstrar como os chamados Libertadores queriam mas é libertar as terras do Vice-Reinado... dos liberais! Analisando os diversos projectos de continuação monárquica gizados entre 1808 e 1825 em reacção à vacância do Trono na Metrópole espanhola e, mais tarde, à restauração em chave liberal, a obra trata dos vários pretendentes: a "nossa" - ainda princesa - D. Carlota Joaquina; o Infante D. Francisco de Paula de Borbón y Borbón; os canditados incaicos Dionísio Inca Yupanqui, Juan Andrés Ximénez de Léon Manco Capac e Juan Bautista Túpac Amaru; D. Luís Filipe, Duque de Orleães; o Infante D. Sebastião de Borbón y Bragança; e, finalmente, D. Carlos Luís de Borbón, Duque de Luca. Como se sabe, todas as iniciativas saldaram-se por um rotundo fracasso, e o final (?) da es/história é o que está à vista de quem quer ver.

2 comentários:

  1. Faz-me lembrar a proposta ao fundador dos EUA para cingir a coroa a criar nas Colónias rebeldes, Meu Caro Marcos. Por pouco escapou o mundo a conhecer a Casa Reinante de Washington, que seria bem pequena usurpação, comparada com outras.

    Abraço

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  2. E ainda por cima carregada de protestantismo!
    Abraços, Caro Paulo.

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