Os Suspeitos do Costume

A desorientação que reina a propósito da e-coli é mais do que muita. Como se não bastasse a vergonhosa indiciação dos pepinos espanhóis com base no vácuo, vêm, depois de apontar a dedo numa cozinheira indefesa, carregar nas costas largas do Egipto, provavelmente com o raciocínio genial de que quem teve dez Pragas do quilate das Bíblicas pode bem arcar com mais uma, nesta contemporaneidade a esvair-se.
Não faço ideia sobre se o Egipto aqui não faria mais sentido se falado a propósito dos seus abutres, aqueles que lhe exploram a imagem na desgraça, com inerente diminuição das defesas, para se desresponsabilizarem. Para mim, a prioridade de atenção que os relatos do Antigo Testamento devem usufruir reflecte-se nas lições de culpa e castigo do Homem em abstracto., a propósito de comportamentos reprováveis susceptíveis de analogia. E, nessa linha, lembraria ao novel Governo Luso que a dezena de maldições contra a Terra dos Faraós foi desencadeada pela recusa de um Feriado cultual. A bom entendedor...
A imagem é Uma das Pragas do Egipto, de John Martin

7 comentários:

  1. A insensibilidade é total, Querido Paulo, mas eu compreendo.... Fui uma vez visitar uma amigo que na altura morava num espaçoso apartamento em Massamá, que em área era três vezes superior ao meu modesto apartamento em Oeiras. O problema é que ele tinha de estar praticamente sempre com as janelas fechadas, se não quisesse ser visto em trajes menores pelo vizinho do prédio em frente. A bom entendedor, como diz, aquilo não são lá muito bons ares para quem tem de pensar largo..., digo eu.

    Grande beijinho

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  2. Paulo

    Uma pequen precisão: a "e-coli" que mencionas é uma bactéria do tipo bacilar, cujo nome "técnico" (ou científico, ou latino) é "Escherichia coli". A escrita dos nomes latinos obedece a certas regras que, por desconhecimento ou preguiça, são muitas vezes ignoradas...

    Assim, segundo as regras do Código de Nomenclatura Zoológica, a designação de uma espécie é formada pelo nome do género, que se inicia sempre com maiúscula ("Escherichia", neste caso), e pelo respectivo restritivo específico, que se escreve todo em minúsculas ("coli"). Ambos os nomes devem ser escritos em itálico, ou sublinhados.

    Assim, se a utilização de "E. coli" faz sentido, já que é a abreviatura do nome da espécie (embora a primeira menção do nome deva ser sempre colocada por extenso), já as variantes "e. coli" ou "e-coli", como aparece recurrentemente nas notícias estão totalmente erradas...

    Embora isto possa parecer coisa de somenos importância, a falta de cuidado com estes "detalhes técnicos" revela a ausência de rigor com que tudo é feito neste país, onde os jornalistas se contentam em transmitir as notícias tal como as recebem, e os técnicos/especilaistas não se dão ao trabalho de tentar corrigir os erros...

    Ab
    Tiago Santos

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  3. Querida Ariel,
    ehehehe, não dê ideias de justificações com claustrofobias limitadoras ao novo Homem do Leme. Olhe que eles aproveitam qualquer desculpa.

    Meu Caro Tiago,
    mil perdões à coliante ameaça, por lhe ter abafado a maiúscula. Ainda bem que não caí em sonegar-lhe o itálico. Já o Erudito Bic Laranja cá exerceu a pedagogia de por os pontos nos... hífens. Que safa encontrarei eu para o pecadilho de tão intolerável imprecisão? Bem, talvez o melhor caminho seja o de remeter a grafia errada para um apelo ao imaginário de Quem lê, em que as grandes contáminaçõess informáticas vêm bastas vezes por e-mail. Logo, e-coli presentifica de imediato a pendência da ameaça.

    Beijinho e abraço

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  4. "contaminações", queria ter escrito.

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  5. "Sorry", não resisti... Defeito profissional... :-)

    A crítica é mais direccionada para o que tenho visto e ouvido nos meios de comunicação social, onde o rigor, verdade seja dita, não impera por aí além...mas também para os profissionais, que deveriam corrigir estes erros quando são contactados para emitir opinião!

    Ab
    T

    PS: A tua "safa" não está mal, não senhor...

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  6. Meu Caro Tiago,
    a imaginação tem du bon, ehehehehe. Como para os leigos a nomenclatura científica é Chinês, não nos podemos admirar dos tratos que lhe sejam infligidos, à maneira do que sucede à transposição fonética dos nomes sínicos.

    Abraço

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  7. Sim, mas não é função dos jornalistas transmitirem uma informação factual correcta? O mínimo que deveriam fazer era consultar um especialista no assunto...e isto aplica-se à generalidade dos temas!

    Ab
    Tiago Santos

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