Objectos de culto


A igreja de São Julião, em Lisboa, tem uma história curiosa. Arrasada pelo Terramoto de 1755, foi reedificada em 1810, com um traço típico pombalino. Em 1933, a Confraria do Santíssimo Sacramento da freguesia de São Julião vendeu o edifício ao Banco de Portugal para custear a construção da nova igreja de Nossa Senhora de Fátima. Como consequência, em 1934 a igreja foi encerrada ao culto e dessacralizada. Até há pouco tempo serviu de garagem, o que, sempre que lá passava, me provocava um certo desconforto. Ver automóveis a atravessar a porta de uma igreja é uma visão mais típica de uma Segunda República Espanhola. Com as obras da sede do Banco de Portugal que entretanto começaram, o quarteirão está a sofrer uma grande intervenção. Entre os planos, está previsto que o corpo da igreja dê lugar ao futuro Museu do Dinheiro. Não deixa de ser irónico que uma antiga igreja seja agora transformada em local de culto ao vil metal. Sinal dos tempos.

4 comentários:

  1. God an Mammon together at last!

    Abraço! ☺

    Luís

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  2. Meu Caro Miguel,
    Os do avental não perdem mesmo tempo. Um horror.
    Abraço!

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  3. Meu Caro Miguel,
    enquanto garagem, era jocosamente conhecida por Igreja de Nossa Senhora dos Mercedes.
    Ainda hoje as pedras numeradas lembram a completa insanidade da venda para a estranja que esteve perspectivada, com divisão e montagem correspondentes. Ao menos disso se livrou ela, o dinheiro prevaleceu, mas noutra linha.

    Abraço

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  4. Amigo Luís,
    Acho que neste caso, Deus não está presente. Foi substituído. Abraço!

    Caro Marcos,
    Converter uma antiga Igreja em Museu do Dinheiro é do mais elementar mau gosto. Abraço!

    Caro Paulo,
    Está boa essa da Igreja de Nossa Senhora dos Mercedes :) Não conhecia! Valha-nos ao menos a lembrança que a venda desta igreja financiou a construção desse monumento que é a Igreja de Nossa Senhora de Fátima. Grande abraço.

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