Investigação Atamancada

Os cientistas holandeses prescindiram dos diques e inundam-nos com uma torrente de prevenções. Odeio até a sombra da sigla AVC, que me levou o meu Pai. Mas dizerem que ele é favorecido notoriamente pelo sexo, exercício, assoar-se, esforçar-se no WC, tudo isso me obriga a tentar repor alguma sanidade mental. Claro que a condição imprescindível para um destes derrames que funcionam como vias rápidas para a trombose é viver. Dir-se-á que raciocínio paralelo pode justificar todos os vícios, mas não me parece que limpar o ranho, eliminar toxinas, prolongar normal e fisicamente um instinto natural e aliviar-nos de impurezas sejam coisas tão equiparáveis como isso a drogas duras...
Chegamos assim ao risco mais cadastrado, o do café. Se fossem portugueses, estes cientistas seriam troçados na rua de um País em que se encontrou como chavão para exprimir orgulho sem soberba por alguma habilidade especial a frase «são muitos anos a tirar bicas!». Só na Lusitânia que nos resta, no Brasil e em Itália vejo este culto a qualquer hora do dia pelo ouro negro ao alcance de todos. Nos Anglo-Saxónicos é mais visto na linha de conforto contra dificuldades matinais ou agruras do clima, tal como doping para dias previsivelmente duros das classes que têm trabalhos mais pesados. Em Espanha juntam-lhe leite, aaaargh, uma diluição subversora muito minoritária por cá, apesar da imposição dos galões em meios mais restritos. Portanto, deveria haver pudor na divulgação entre nós de uma predisposição que tanto alarmismo pode causar. A vida numa redoma também não retarda a morte; se estivéssemos distraídos , Michael Jackson ter-nos-ia elucidado. Não nos privem das alegrias mínimas que permitem alguma suportabildade na e à Existência.

3 comentários:

  1. Espirrar também deve ser muito perigoso
    Rudolfo Moreira

    ResponderEliminar
  2. Eu por acaso conheço a frase "são muitos anos a virar frangos"!... das bicas não sabia, ahahah. A imagem é sugestiva como sempre, Querido Paulo.

    Beijinho

    ResponderEliminar
  3. Meu Caro Rudolfo,
    duplamente! Não só pela violência intrínseca do gesto, como por, muitas vezes, implicar uma assoadela...

    Querida Ariel,
    ui, essa estava vedada aos guarda-redes! Se calhar, foi por ela que o Roberto...
    Só frutos (proibidos) quando tento umas flores, é o que é.

    Beijinho e abraço

    ResponderEliminar