Notícias da Frente (Literária)


Mircea Eliade foi historiador, escritor, jornalista, pensador, académico e diplomata. Antes da Guerra Fria, período em que se tornou conhecido como símbolo de uma Roménia Livre, Eliade manteve uma relação de grande proximidade com Portugal, onde serviu como adido durante os anos da Segunda Guerra Mundial. Observando o nosso país com interesse e admiração, Eliade não deixava de comparar estes dois países situados em extremos opostos do universo latino. Curiosamente, nos últimos anos, tem-se assistido no nosso país a um ressurgimento do interesse neste autor, com a publicação de várias das suas obras, algumas inéditas na nossa língua. É o caso do «Diário Português (1941-1945)», lançado em 2008 pela Guerra e Paz, e que transcreve as suas anotações durante a estadia em Portugal. Há poucas semanas, foi a vez de «Salazar e a Revolução em Portugal», publicado pela Esfera do Caos. Este livro, publicado originalmente em 1943 na Roménia, pretendia introduzir ao povo romeno a figura de Salazar e a natureza do Estado Novo. Refira-se ainda o facto de Eliade ter sido recebido pessoalmente por Salazar durante os anos da Segunda Guerra Mundial, uma época em que o acesso directo ao Presidente do Conselho esteve praticamente blindado a diplomatas estrangeiros.



Outra novidade é a reedição, pela Asa, de «O Clube Dumas» (a primeira edição era da D. Quixote e tinha uma capa bem melhor), do sempre recomendável Arturo Pérez-Reverte. Quando se fala desta obra, é obrigatório mencionar «The Ninth Gate», o filme ao qual deu origem, com realização de Roman Polanski e participação de Johnny Depp, numa adaptação que se pode considerar no mínimo muito livre. Embora esta não seja obra mais forte de Pérez-Reverte — está a quilómetros da complexidade de «O Pintor de Batalhas» —, aborda uma temática muito cá de casa, que é a bibliofilia. A personagem principal é Lucas Corso, um caçador de livros que se vê envolvido numa perigosa conspiração, enquanto percorre alfarrabistas e coleccionadores para validar a autoria de um manuscrito. Apesar da estrutura frágil, a obra vale pelo estilo cinematográfico do autor espanhol, que quase permite ao leitor sentir o cheiro das velhas bibliotecas visitadas por Corso, e por uma série de pormenores: desde a interessante sequência passada em Sintra, às personagens de Amílcar Pinto, de Gruber e do próprio Victor Fragas, passando pelas interessantes reflexões introduzidas por Pérez-Reverte.

10 comentários:

  1. Como bien recordaba el gran PCP, Eliade escribió (en francés) eso tan acertado de "Maravillosa Lusitania"........

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  2. Só o Amigo Filomeno, para fazer o favor de me ligar ao Grande Historiador do Sagrado...

    Meu Caro Miguel,
    este´do Perez-Reverte já li e por ele sinto verdadeiro culto, desde logo porque, como poderá testemunhar o Tiago Santos que por aí comenta, desde os 8 nanos que a tripla saga Mosqueteira me fascinou. Muito mais do que o Montecristo e tanto que nem levei a mal que uma das personagens erguesse a fascinante vilã, "Mylady" em ícone feminista...

    Abraços

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  3. Carta de Mircea Eliade a Alfredo Pimenta, publicada por su hija y reproducida en la blogsfera por el gran Paulo Cunha Porto.....
    Ab.

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  4. Cette Merveilleuse Lusitanie.......

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  5. Caro Paulo, podes dar-me o link desse postal com a carta do Eliade para o Pimenta?
    Abraço,

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  6. Claro, Meu Caro Nonas. É:

    http://misantropoenjaulado.blogspot.com/2006/01/um-grande-documento.html

    Abraço

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  7. Caro Paulo,
    Que grande surpresa, essa carta de Eliade para Pimenta. Merecia uma republicação neste blogue. Quanto ao livro de Reverte, nunca tive especial predilecção pelos Mosqueteiros, e talvez por isso essa linha da narrativa me pareça frágil e por vezes até despropositada. O que gosto mais em «O Clube Dumas», para além do já referido, é da misteriosa companheira de aventura de Corso, e das reflexões a ela associadas.

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  8. Caro Miguel,
    O "Salazar" do Eliade, assim como o Diário Português, tenho-os em romeno... o que não ajuda muito - só um poucochinho. Ainda bem que agora estão disponíveis na língua (espera-se...) de Camões. Quanto ao Pérez-Reverte agradeço a sugestão, já que dele apenas conheço a saga do Capitán Alatriste, de que, aliás, gostei imenso. Forte abraço!

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  9. Caro Paulo, esta carta do Eliade ao Pimenta é fantástica! Lá fui agora mesmo refrescar a memória e emocionar-me outra vez. Como o grande Romeno é actual! Abraço amigo.

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