Magnetizações

Ao contrário dos pintores, os artistas da Fotografia vivem um drama, no reconhecimento dos seus atributos. Quando o modelo é demasiado conspícuo, poucos fruidores imputarão a excelência ao autor da imortalização, em benefício da figura imortalizada, como qualquer tomada de top model da moda em revista de especialidade demonstra.


Resta uma de duas saídas: ou introduzir no tratamento da foto uma alteração à reconhecibilidade do corpo focado, o que já não se poderá incluir na categoria do retrato. Ou forçar a nota técnica que maravilhe pelo pormenor, ou pela captação, ou diálogo com a luz, eliminação ou acentuação da cor incluídas, de forma a conseguir relegar para segundo plano o elemento passivo que, doutra forma, vampiriza os créditos. Passando da Mulher ao Livro, foi o que Jeffrey Martin fez com a Biblioteca de Strahov, a notícia do dia. Tornando ultra-panorâmica e hiperpormenorizada a obra, escrutina até à última o modelo, em duas vias que pareciam à primeira vista antagónicas: o máximo detalhe + a superlativa inserção. Assim consegue que o olhar, demorando-se diante do inusitado, não desvie do criador a atenção outorgante do mérito. Até que, como a cabeça esculpida de Robert Arneson, abra um dos volumes...

4 comentários:

  1. Caríssimo Paulo, a imagem parece ser a de alguém às vésperas de entregar uma tese... Quanto à fotografia de Jeffrey Martin, é simplesmente espectacular! Abraço amigo.

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  2. Conhecemos nós Alguém nessa aflitiva situação, Meu Caro Marcos? Ehehehehehe.
    Desde que não signifique adormecimento...

    Abraço

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  3. A biblioteca do autor do post precisava de uma foto assim
    Rudolfo Moreira

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  4. Céus, Exageradíssimo Rudolfo, um quarto dela sobrava!

    Abraço envaidecido

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