Até ver, continuo a acreditar que o Presidente Medvedev é uma mera criatura de Putin e que ainda vai sendo o actual Pemier a puxar os cordelinhos da Rússia. Não enfileiro é, tão rapidamente como outros, pela ideia de que a recente assimilação do intervencionismo na Líbia pelo Chefe do Governo e a "desautorização" subsequente pelo Supremo Magistrado configurem uma combinação que os fizesse reencarnar um Jekyll & Hyde reversíveis, conforme fossem vistos da perspectiva Norte-americana e Europeia Ocidental, ou, ao invés, do miradouro afro-asiático-latinoamericano.
Não, o que creio que aconteceu foi a manifestação da diferente envergadura histórica de cada um dos protagonistas e que terá tido como prioridade o consumo interno: o assumir pessoal de um sentimento nacional de demarcação, num Estado Imenso que gosta de se ver como herdeiro dos Bizantinos pelo traço de união que é a Igreja Ortodoxa, como a tentativa de provar alguma emancipação da tutela, sentindo as costas quentes dos poderes internacionais por ora ainda dominantes. A qual teria em mente um recalcamento enraizado a Leste, o de como essa maravilha de mobilização, ao princípio desinteressada, que deu nas Cruzadas, havendo começado por se apoiar em sinergias de resistência ao Cisma Oriental, acabou por afastar as duas metades da Cristandade uma da outra, culminando na entrada dos expedicionários em Constantinopla, por 1202.
O que é grave não é que na metade continental a Oriente estas Guerras Santas tenham má reputação e sirvam de papões, coladas a sucessos militares que lhes são absolutamente estranhos. O trágico está em o nosso lado se envergonhar delas e se desculpar de os seus ancestrais as terem encetado. Essa é uma cruz que carregamos, bem diversa Da que os Guerreiros de Outrora fervorosamente envergavam.
A imagem é a Entrada dos Cruzados em Constantinopla, de Delacroix.
Não, o que creio que aconteceu foi a manifestação da diferente envergadura histórica de cada um dos protagonistas e que terá tido como prioridade o consumo interno: o assumir pessoal de um sentimento nacional de demarcação, num Estado Imenso que gosta de se ver como herdeiro dos Bizantinos pelo traço de união que é a Igreja Ortodoxa, como a tentativa de provar alguma emancipação da tutela, sentindo as costas quentes dos poderes internacionais por ora ainda dominantes. A qual teria em mente um recalcamento enraizado a Leste, o de como essa maravilha de mobilização, ao princípio desinteressada, que deu nas Cruzadas, havendo começado por se apoiar em sinergias de resistência ao Cisma Oriental, acabou por afastar as duas metades da Cristandade uma da outra, culminando na entrada dos expedicionários em Constantinopla, por 1202.
O que é grave não é que na metade continental a Oriente estas Guerras Santas tenham má reputação e sirvam de papões, coladas a sucessos militares que lhes são absolutamente estranhos. O trágico está em o nosso lado se envergonhar delas e se desculpar de os seus ancestrais as terem encetado. Essa é uma cruz que carregamos, bem diversa Da que os Guerreiros de Outrora fervorosamente envergavam.
A imagem é a Entrada dos Cruzados em Constantinopla, de Delacroix.
E a cruz é ainda mais pesada, Paulo, quando se julga perceber que o «nosso» Ocidente acoberta, sob um intenso complexo de culpa por alguns erros do seu passado remoto, uma total falta de vergonha dos erros e das hipocrisias do passado próximo ou do presente. :-S
ResponderEliminarDá para desconfiar que o nome do pintor o faz parcial
ResponderEliminarRudoldo Moreira
Não resisti empregar o termo de "'cruzada' laica contra o crucifico" em Itália. É um termo giro este, cruzada :)
ResponderEliminarUm regresso em grande, Paulo!
ResponderEliminarQuerida Luísa,
ResponderEliminarnão vai sem resposta, pego-Lhe nas palavras para salientar a vergonhosa assimilação de Mubarak e Khadaffi que grassa em CNN´s e quejandos Media. Ce n´est pas la même chose, Céus!
Meu Caro Rudolfo,
logo esse, pois...
Meu Caro Flávio,
essa da «cruzada laica» é de gritos. Mas a tentativa de retirar os crucifixos transporta-me, inteirinho, para uma reacção a desmandos do mesmo teor e violência maior, a, essa sim, Cruzada Nacional Espanhola de 1936-1939.
Falta-me o tempo, Caro Miguel. E as actualidades, mundial e caseira não ajudam. Encho-me de spleen, nos raros momentos que tenho livres.
Beijinho e abraços
Creio no entanto, Paulo, que desta Quarta Cruzada há muitas razões para nos envergonharmos (tal como o Papa da época), e mais ainda para lamentarmos. A ela se deveu a decadência de Constantinopla, que resultaria na sua queda posterior para os otomanos. Ainda por cima era motivada por razões nada piedosas.
ResponderEliminarMeu Caro João Pedro,
ResponderEliminarcom certeza que a venalidade do saque é motivo de vergonha, como bem diz Inocêncio III rejeitou claramente esse desvio ao Ideal de Libertação que movia a Cristandade sob a sua benção.
Penso que a causa política que motivou o ensejo para algum latrocínio assentou em ressonâncias das desinteligências do Gibelinismo, com o Imperador da Alemanha a pretender reunificar o Império Romano à custa de Bizâncio e o Papado a desejar antes a Unidade pela integração dos Cristãos Orientais no esforço comum contra os infiéis, primeiro passo de um abrandamento do Cisma.
Só que como a maioria dos integrantes a IV Cruzada era composta por Alemães...
Abraço