Genéricos

Há dias, atormentei-me com a perplexidade gerada pelo Amado Ministro quando, visando furtar-se a uma interpelação mais incómoda, declarou que eu saiba, ainda sou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, não sou um comentador.


Pareceu-me logo logo que o caso encerrava mais do que a pesporrência evidente de una classe político-diplomática arrivista. Encarei seriamente a hipótese de aquele ainda querer confessar uma expectativa de demissão próxima. Lá resvalei mais uma vez para o optimismo, já não tenho cura! Tratava-se, afinal, de tentar afirmar uma marca desaparecida, num forum em que todos os oradores se assemelham nos lugares comuns que debitam. Esta linha branca das ralações internacionais chama-se ONU, em que um (ir)responsável Indiano conseguiu fazer seus três minutos inteirinhos de discurso do nosso MNE, sessenta anos depois de o governo de Deli liquidar à força o Estado Português da Índia. Diz muito sobre a capacidade daquela gente, mas ainda mais sobre a lixarada fungível que é o conjunto das tomadas de posição altissonantes do executivo lisboeta.
A pintura é Os Diplomatas, de Peter Purves Smith.

2 comentários:

  1. Longe vão os tempos da verdadeira diplomacia, da defesa dos interesses reais e permanentes das nações, do culto da História, de devotados funcionários - mescla de scholars e gentlemen... Mas neste fim dos tempos não é a Nação um estorvo a abater? E as que ainda restam, não são elas "geridas" como mero centro comercial? Caro Amigo: não é por nada que passámos das casacas às t-shirts & chinelas. Bassesse oblige!

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  2. Exacto, Meu Caro Marcos, deizou de haver Nações, agora subsistem unicamente "bons rapazes", no sentido scorsesiano do termo, claro.
    Abraço

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