Droga de Política!

De repente, os noticiaristas superficiais que temos passaram a chamar ao estandarte hasteado pelos rebeldes anti-Khadaffi em vários pontos da Líbia bandeira da Independência, o que, não sendo mentira, surge como versão esterilizada e politicamente correcta do que ela também é, ou seja da Monarquia. Faria, de resto, mais sentido dizer assim, como os meios de comunicação anglo-saxónicos vão fazendo, posto que a razão do arvorar dela não se prende com autonomias do jugo estrangeiro, mas com a contestação do regime enquadrada pela nostalgia do que precedeu.

Quanto ao líder do País, reputo das maiores vergonhas entre muitas por onde escolher, a reconversão permitida pelo Ocidente de um terrorista confesso, mediante uma indemnização simbólica às vítimas de um atentado aéreo que ele patrocinou, tanto mais que, embora acalmado, o condutor do País Norte-Africano continuou vocalmente a mobilizar outras zonas do Mundo contra a nossa. Depois de ver que entre os Árabes ninguém lhe dava atenção (muito, cheira-me pela extracção berbere tão desprezada pelos que se consideram de arabicidade mais genuína), tentou encabeçar um pan-africanismo agressivo, para dar utilidade à idolatria por Nasser que igualmente o levou a promover-se "somente" ao posto de Coronel.
De resto, os uniformes de largas dragonas, numa variedade de fazer inveja a Goering, a guarda pretoriana de Amazonas, com vrgindade associada e tudo, o folclore das recepções oficiais na tenda, à Saladino, conglomeram-se para revelar o tom de opereta do animal.
Como o último discurso, semi-desesperado, em que chamava aos opositores drogados e possessos do Diabo, nem percebendo que qualquer das acusações, a ser verdadeira, diminuiria as culpas que o seu ponto de vista lhes imputava. Coisa que se não verifica nele, salvo se atentarmos na embriaguez do Poder. Esperemos que a ressaca lhe seja iminente.

7 comentários:

  1. Caro amigo, com os teus grandes conhecimentos seria interessante que discorresses sobre a visita que Benoist-Méchin fez à Líbia nos idos de 70.
    Fica o desafio...

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  2. Tem razão. É também uma das bandeiras do Pan Arabismo e que comtempla as suas 4 cores:
    O preto, representa o profeta Maomé.
    O branco, foi escolhido pelo primeiro califado da dinastia Omíada, em homenagem à batalha de Badr.
    O verde, como símbolo de apoio a Ali Ibn Talib, o 4º Califa depois do profeta.
    O vermelho como côr dos Kharijitas, o primeiro ramo do islão.

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  3. Caro Paulo: Já me tinha apercebido dessa confusão (ou será intencional?), com esta bandeira, feita pelos papagaios da TV. Ainda bem que pegas na coisa e dás uma lição de História (oxalá eles te lessem). Bem-hajas. Abraço.

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  4. E o azul não aparece nas bandeiras árabes porque é a cor do diabo para eles em vez do vermelho
    Rudolfo Moreira

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  5. Ainda sobre as bandeiras, o jornal Sol escreve que, na Argélia, «por toda a parte se vêm insurgentes empunhando a bandeira da independência de 1951, anterior ao regime de Kadhafi». Não deve ser uma visão bonita, não senhor.

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  6. ... O diabo é se ainda aparece alguém a lembrar-se do aviador Italo Balbo, que também por lá andou...

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  7. Infelizmente, Querido Amigo, os conhecimentos que me imputas estão muito acima da realidade. E na bibliotecazita que lhes poderia suprir a insuficiência só se encontram as «Memórias» dessa grande Figura referentes ao período da Guerra.

    Chére George Sand,
    muito agradecido pela erudição descobridora da significação cromática. Julgo que a substituição khadaffiana pela bandeira predominantemente verde se deverá à cor Corânica que ele terá querido enfatizar na respectiva via revolucionária. Mas desengan-me, caso assim não seja.

    Eu acho que lhes custa muito a dizer "Monarquia" de uma forma positiva, Meu Caro João.

    Caro Rudolfo, sim, porque associada à "cor dos Francos", que ainda hoje naquelas paragens são vistos como tendo trato com o chifrudo!

    Conquanto eles vençam, Caro Miguel...

    E que lá foi abatido pela própria DCA, Amigo João

    Beijinho e abraços

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