Dos Fracos Reza Esta História

Uma empresa para lá do Atlântico decidiu despedir quatro funcionários, por terem, sem violência de maior, desarmado o portador de uma arma carregada que os ameaçava e aos clientes. Não houve, note-se, quebra alguma da proporcionalidade. A razão seria de terem posto em risco o público, não actuando como preceituavam as normas da companhia, as quais mandam não resistir e obedecer a qualquer similar meliante. Esta injustiça trivial configura, quanto a mim o espírito do tempo que vai alastrando. E digo espírito também no sentido de fantasma, pois não tardaremos, espero, a ser assombrados pela vergonha e pelo remorso de não termos sabido reagir. Intoxica-se continuamente a população com um ideal de passividade perante o iníquo, desde a pura aberração da matança abortiva à mansa entrega ao cutelo das exacções fiscais. Junte-se uma pitada da antiquíssima simpatia pelos criminosos, mais do que indiferente às vítimas, e estará fervente o caldinho em que nos cozerão semi-vivos, como hoje nos encontramos.
Pode, evidentemente, ter sido um mero expediente de redução de pessoal. Mas se os poderes públicos contemporizarem perante a situação, exorto-os a equilibrar os orçamentos de Estado despedindo em massa a Polícia.
Cá para mim, é um desencorajamento a justiceiros autónomos, como aquele que ilustra. E a avidez da segurança pamonha da cedência, a qual, bem inversamente, é a que deslustra.

8 comentários:

  1. "Oh tempora, oh mores"...?

    Ab

    Tiago Santos

    ResponderEliminar
  2. UI,ui,ui!!! Despedir a Polícia em massa? E quem olha pelas casas do Dr. Mário Soares?

    ResponderEliminar
  3. Caro Paulo, vivemos no mais completo dos desconchavos... Mas por falar em justiceiros, confesso as saudades da personagem encarnada pelo Charles Bronson. E já agora: sabia o Amigo que Guy Williams, o "Zorro", era argentino radicado nos EUA? Abraço.

    ResponderEliminar
  4. Este margina, era com certeza, um fruto da sociadade capitalista, marginalizado, pelos fascistas, com pai e mãe toxicodependentes, desempregados, a receber rsi, mais kit de agulhas, não pode ser tratado desta maneira, coitado do senhor, se calhar esses quatro, eram de extrema direita, nazis, além de serem despedidos, deviam ser presos, admite-se l´s, interferir na livre iniciativa......
    Hoje em dia, todo o cuidado é pouco

    ResponderEliminar
  5. Oh Paulo, a propósito...viu aquela velhinha aqui há uma semana a bater nos larápios que tentavam partir as montras de uma ourivesaria?
    Era ver a Senhora a correr para eles e dar-lhes com a mala de mão, enquanto eles tentavam partir os vidros...ela atrapalhou-os de tal modo que a fugir dois deles caíram da mota e foram apanhados.
    Ah grande maluka! Adorei ver a Senhora (apesar de ter-se habilitado a ficar ali estendida)... qual Zorro, qual quê...É um pássaro? É um Avião? Não!É a Super-Velhinha!!!

    beijinhos

    o "link" da notícia, para os mais distraídos:
    http://aeiou.expresso.pt/idosa-heroina-trava-assalto-a-ourivesaria=f630740

    ResponderEliminar
  6. Meu Caro Tiago,
    podes dizê-lo, temo bem que estas normas de empresa se encontrem já suficientemente padronizadas para se virem a revestir da força de costume. Com convicção de obrigatoriedade e tudo.

    Meu Caro Pedro Barbosa Pinto,
    conto-Lhe uma história verídica: há vinte anos, estava eu de fato e gravata por contingênxcias laborais, a ver as montras da livraria na esquina do Campo Grande concernida, quando um vagabundo com ar simpático se abeirou e inquiriu:
    «Ó amigo, você é da polícia normal, ou da outra?»
    Tendo-o eu desenganado, concluiu:
    «eu logo vi, é da outra!»
    Se a voz do Povo é divina, andamos a pagar a dobrar esses trabalhinhos.

    Não fazia a mrnor ideia, Meu Caro Marcos! Nem sabia o actor oriundo da América Latia! E se soubesse, imaginá-lo-ia mexicano, sempre é mais perto da Califóonia.

    Meu Caro José Domingos,
    é verdade, tinha-me esquecido que o assalto bem sucedido é uma vertente do "American Dream". Mas a conversa fiada que tão bem retratou não é exclusiva de lá e, quanto a mim, fez mais para enfraquecer a estrutura social do Ocidente que todas as obras de teorização política juntas. Urge pois substituir a predisposição cega pela simpatia para com os criminosos pela justa indignação das pessoas honestas.

    Querida Joaninha,
    então não vi!
    Mas ela teve sorte, os assaltantes eram uma nulidade no respectivo ofício. Nem falo de não a terem agredido, isso poderia somente revelar uns restos de decência; agora, aquela queda da mota é digna de mau filme cómico, ou de um show do Herman dos últimos tempos.

    Beijinho e abraços

    ResponderEliminar
  7. Pelos vistos a triplicar!, Caro Paulo, concluo eu da sua história. Um vagabundo com ar simpático a fazer perguntas dessas? Huummmm... fez-me recordar o detective Mick Belker do Hill Street Blues :)

    Um abraço

    ResponderEliminar
  8. Ui, Quem o Pedro foi buscar! Ele até usava um gorro parecido, mas não me rosnou, longe disso. E era de muito mais avançada idade, provavelmente já se terá liberto destas misérias.
    Abraço

    ResponderEliminar