Corrupção da Juventude

Ontem, na análise aniversariante da TVI, Marcelo Rebelo de Sousa recebeu as perguntas estudadas e propícias ao brilharete de três Jovens com bom aspecto e, parece, igual aproveitamento. Uma delas versava sobre se as culpas da desilusão da Mocidade com a actual classe política se deveriam a ela ou aos elementos do grupo que a desgostava. Marcelo, que tem o hábito de sustentar as piores coisas sem abandonar um fundo pessoal bastante mais agradável, não defendeu o indefensável, quer dizer a faixa etária dos Poderes a que pertence. Disse-lhes antes que, estando insatisfeitos, a mudassem e para isso se inscrevessem em partidos, onde defendessem as respectivas vistas.


Assim, iludiu o problema fundamental, o da designação dos ocupantes do Mando, aliciando os Novos para se comportarem como os actuais capatazes no trilho da influência, procedimento que constituiria o preço a pagar pela faculdade de exprimir a rejeição. Por menos deram cicuta a Sócrates - ao que conta -, sob o pretexto de ter atacado a Poesia que integrava os cultos tradicionais de Atenas, dando mau exemplo aos discípulos inexperientes.
E, sendo basicamente o mesmo raciocínio, a presente constatação de que no Mundo alguma coisa tem de mudar para que tudo continue na mesma não possui sequer a grandeza que a condição e a resignação conferem ao dizer do Príncipe do viscontiano «O Leopardo», cinge-se a uma tentativa de domesticação de justos ardores contestatários por concretizar.

12 comentários:

  1. Certeiríssimo, Meu Caro Paulo.
    Abraço.

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  2. Perfeito, querido Paulo, mas que mais poderia ele dizer sem atingir a sua condição de politico que nunca deixou de ser?

    Beijinho

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  3. Ele tem razão, mas não desvendou tudo. A forma indicada é a única possível, os novos recrutas é que têm que ser subversivos. Talvez formando um partido secreto e ir minando. Como quando se levou à queda da monarquia...?
    Cumpts.

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  4. Entrar no sistema para o mudar... Conhecendo bem o sistema a sugestão do mediático Prof. semelha a tentação da ratoeira. Entrar nos partidos, intergrar-se no sistema e dele não mais sair. Não obrigado! Um forte abraço Caro Paulo.

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  5. Interpreto a frase do Lampedusa:
    mais um episódio no sentido de o mundo permanecer o mesmo porque está eternamente mudando
    Rudolfo Moreira

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  6. Enfim, Meu Caro João, ao que chegámos: analisar o analista!

    Querida Ariel,
    e ele tem uma eleição daqui a 5 anos, para Belém, claro.

    Meu Caro Bic,
    ah, a lição de Mestre Maurras, «opormo-nos à República por todos os meios, mesmo os legítimos», comigo não pega. Outra Grande Influência que sofri, o Tiago Santos Que por vezes aí comenta, ensinou-me que transigir com os meios cuja utilização eles nos toleram já é uma cumplicidade.

    Isso, Caro Rudolfo, seria boa justificação para o Professor. Quanto a mim há que fazer uma cisão moralizadora fundamental entre os regimes e homens que consagram o Conflito (domesticado que seja) como positivo e os que o proscrevem do seu seio, como da sua ratio.

    Beijinho e abraços

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  7. É essa a minha posição, Meu Caro Marcos, entrar já é, de alguma forma, reconhecer e acamaradar com o que arruína o que resta.
    Ab.

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  8. Continuo sem perceber, Paulo, o que é que as pessoas temem de uma anarquia mansa. Se o Poder corrompe, acabe-se com o Poder. Estou absolutamente convicta de que a Educação esmerada o substituiria perfeitamente, com grande proveito para todos. ;-)

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  9. Caríssimo

    "...ensinou-me que transigir com os meios cuja utilização eles nos toleram já é uma cumplicidade."

    Espero que não tenha sido pelo exemplo... ;-)

    Ab

    Tiago Santos

    PS: "Grande Influência", hã? Que exagero...

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  10. Infelizmente, Querida Luísa, o Esmero é raro. Mas também eu tenho a minha costela anarquizante, remontando a Chesterton e aos Hussards.

    Ai, não, Caro Tiago! Há quanto tempo deixaste de votar?
    Beijinho e abraço

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  11. Ah, isso...Tens razão, já lá vai um tempinho...;-)

    Ab

    Tiago Santos

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  12. Tendo a concordar com a Caríssima Confrade - da esfera dos blogues - Luísa, embora não chamasse a isso «Anarquia», devido à carga ideológica da palavra, mas sim comunidade orgânica descentralizada.
    Beijo à Luísa e Abraço ao Paulo.

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